Ljubomir Stanisic é o protagonista de Coração na Boca, a minissérie sobre a sua história de vida que teve a sua estreia na Opto. Agora, em versão documentário, num formato mais alargado, a longa-metragem de 100 minutos é lançada a 21 de novembro no Festival Porto / Post / Doc, depois da antestreia 8 de novembro no cinema São Jorge, em Lisboa, onde o chef reuniu vários amigos como Daniel Oliveira e Filomena Cautela.
Mónica Franco, que cumpriu o sonho de exibir o filme no cinema São Jorge, filmou o chef ao longo de 10 anos num filme onde ambos investiram muito dinheiro do seu próprio bolso, como contou ao Fama Show. "Não foi financiado. Investimos muito neste projeto com uma equipa muito pequena: eu, o Ljubo e um câmera e filmávamos quando tínhamos algum dinheiro. Por isso, demorou muito tempo"; confessou a jornalista que tratou do argumento, produziu e realizou o filme, depois do curso de realização de documentário na Universidade Lusófona.
A pós-produção só foi possível com a entrada da SIC no projeto e que pode agora colocar Coração na Boca no circuito de festivais de cinema. Editar a longa-metragem foi um desafio, apesar da sua experiência enquanto editora, mas qual é o momento chave do filme para a autora?
"É um clichê, mas é a parte de Sarajevo porque é sempre espetacular. Foi a primeira vez que o consegui convencer a regressar à cidade e ele teve uma semana quase sem dormir na angústia de voltar. Estou arrepiada só de me lembrar", começa por contar a mulher do chef do Hell's Kitchen. "Nunca vi o Ljubo assim, frágil, e vê-lo assim só com a ideia de regressar à cidade é muito impactante. Chegámos lá e abriram-se as portas como se ele tivesse vivido sempre lá e ninguém o conhecia pessoalmente. Sabiam do ex-bósnio que tinha saído e vingado na Europa e, de repente, tudo caiu à frente dele, ficou desarmado. Achava que ia encontrar desafio, resistência, tensão e encontrou o contrário. Foi muito bonito assistir a isso", recorda.

Stanisic não se esquece desse momento, nem da ansiedade antes de regressar ao seu país e conta que fez um pacto com Mónica. "Ia mostrar onde morreram os meus familiares, onde peguei na minha primeira arma… mas antes de viajar estive a patinar e foi uma semana de estado de nervos extremo", revela. Os medos evaporaram-se quando foi recebido por quem o admirava à distância. "Comoveu-me muito. Desarmou-me completamente porque as pessoas receberam-me de braços abertos e cheios de amor. Foi espetacular", assegura o dono do 100 Maneiras que já tinha sido convidado de honra de Sarajevo há três anos, evento que apelida como 'memorável'.
Os filhos do casal já viram o filme que nem sempre é fácil de digerir. "Eles adoraram. Confesso que tinha medo porque é forte em alguns momentos. Nós tentamos protegê-los um bocadinho de algumas informações, mas o filme não os feriu. Só fez que entendessem melhor o pai e isso é muito bonito", explica a jornalista.
Os próximos objetivos para o filme é integrar os festivais de cinema de Sarajevo, Berlim e Veneza. O mundo. Mónica Franco espera que a mensagem de esperança e da força do trabalho emocione o espectadores num projeto que também desconstrói os preconceitos de um emigrante que alcançou o sucesso à vista e ao paladar de todos.
