A capa deste mês da revista CRISTINA foi revelada há menos de 24 horas, mas já lançou a polémica. A protagonista é Maria das Dores, uma mulher que há 13 anos foi condenada a 21 de prisão por mandar matar o marido, o empresário Paulo Pereira Cruz, pai do seu filho mais novo, Duarte, então com sete anos.
Depois de tanto tempo, a socialite quebrou o silêncio e revelou os motivos que a levaram a cometer o crime. "Acho que tudo o que me aconteça de mal, eu mereço. E mereci", começa por dizer Maria das Dores, que reconhece ter demorado algum tempo a perceber a gravidade do que fez: "Três, quatro anos depois, comecei a aperceber-me de que, na realidade, tinha causado uma catástrofe. Tinha vitimizado muita gente. E tinha sido a causadora daquilo tudo. E aí comecei a sofrer, a aperceber-me do porquê. (...) Ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém. E isso, nunca me vou desculpar".
"Quando o conheci foi uma paixão avassaladora (...) Idolatrava-o (…) Nós dávamo-nos muito bem. Eu era casada. Contrariamente ao que se diz, eu tinha uma vida. Trabalhava num banco (…) Não cometi este crime por dinheiro. Cometi este crime por ciúme e por me sentir com a autoestima completamente em baixo. Porque eu era, simplesmente, maltratada", prossegue, afirmando que os problemas de confiança em si própria começaram depois de perder um braço num acidente de viação em que Paulo Pereira Cruz ia a conduzir. "Comecei a sentir que estava gorda (…) Fui-me apercebendo do afastamento... rejeição, em termos íntimos, porque lhe fazia confusão o braço", afirma.
Garantindo que ainda hoje tem dificuldades em perceber o que a levou a pensar em mandar matar o marido, a socialite explica: “Foi depois de muita, muita coisa. Muitos episódios de maus-tratos verbais. De me chamar 'Maria gorda', de dizer: 'Olha aquela tão gira'. Depois de tantas coisas feias. E de eu cada vez me sentir mais pequenina (...) Era tratada como 'não tens braço. Pesas 100 quilos' (…) Aquilo foi um momento que eu tive. Comecei a pensar em tudo. Fiquei sem um braço. Ele não esteve no velório da minha mãe. Pensei em tudo. 'Vais-me pedir o divórcio. Vais ficar com o Duarte. Eu, se calhar, vou ficar sem nada. Eu não posso ficar sem o Duarte'. Eu sabia que ele me ia pedir o divórcio. Eu não queria. Não sei explicar. Estou tão arrependida (...) Não sei explicar o que se passou comigo".
Paulo Pereira Cruz foi morto com duas pancadas na cabeça, por dois homens contratados por Maria das Dores. “Não pensei. Disse só [ao motorista] que queria que lhe batessem. E ele perguntou: 'mas bater como?' e eu disse: 'quero que o Paulo morra. Quero que o meu marido morra'. Disse isso'”, recorda, antes de reiterar o seu arrependimento: “Ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém. É o que sei. E eu fi-lo. Portanto, tudo de mal que me aconteça é pouco. Tenho de pedir perdão às pessoas que vitimizei. Agora, não sou uma psicopata nem ando para aí a pensar em matar pessoas".
Um dos momentos de maior emoção desta conversa – dura, como assumiu Cristina Ferreira durante O Programa da Cristina desta sexta-feira, dia 5 – foi quando Maria das Dores falou do filho que tinha em comum com o empresário, agora com 20 anos. “Não vejo o meu filho desde o primeiro dia que entrei na cadeia. Não porque o tribunal tenha dito que não. Aliás, era suposto vê-lo todas as semanas. Houve uma marcação para ele me visitar (…) mas ele não apareceu. Ninguém o levou. Foi-me dado um número de telefone para ligar, mas ninguém atendia”, afirma, antes de adiantar que percebe essa atitude por parte dos avós, que ficaram com a guarda de Duarte: “Aceito e perdoo o facto de não me deixarem ver o meu filho, porque também perderam um filho. E transporto-me para o lado de lá”.
Ainda assim, o que mais lhe dói, diz, é o facto de Duarte pensar é “um monstro”. “Isso dói-me muito porque tenho o porquê de ter cometido esse crime. Tenho a minha explicação, mas nada justifica mandar matar alguém. Nada o justifica. Haveria sempre outras soluções. Mas, por vezes, a nossa cabeça engana-nos”, completa.
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