Tudo começou com o texto do jornalista Luís Osório, para a TSF, com o nome ‘É pornográfico dizer que Paulo de Carvalho é generoso e solidário’. Na crónica, o também escritor, alegou que o músico terá demitido o pai – quando trabalharam juntos há mais de 30 anos- no momento em que o pai do jornalista confessou ter SIDA.
Paulo de Carvalho não hesitou em responder sob a forma de comunicado, negando que José Manuel Osório não só nunca foi despedido, como trabalharam anos depois desse diagnóstico, tendo a relação profissional terminado por vontade do pai do jornalista. “Se estou a responder é só para me defender da forma como me acusa. Essa sim, ‘pornográfica’“, respondeu o músico. Leia o testemunho aqui.
Luís Osório desafia Paulo de Carvalho a processá-lo “por difamação”
Num texto partilhado no Facebook, esta segunda-feira, dia 23, Luís Osório enumera vários pontos, desenvolvendo mais o caso. “No comunicado vai ao ponto de nos informar que foi ele a ajudá-lo quando ficou doente. Que foi o meu pai a desejar sair porque ele jamais faria tal coisa. Uma pessoa lê e não acredita. Por isso, coloquei aqui outra vez a nossa conversa (2002). O meu pai é absolutamente claro. Não o poderia ser mais”. pode ler-se.
Luís Osório vai mais longe. O escritor e jornalista aponta que a história é bem conhecida dentro da indústria e que os seus familiares têm bem presente esta história e que sofreram com ela. “Lendo o comunicado de PC até parece que lhe temos de agradecer pela sua presença e ajuda. Só receio pelo que vem a seguir. Porque um homem que escreve aquele comunicado é capaz de tudo”, adianta.
Leia a resposta na íntegra:
- Soube do comunicado durante o fim-de-semana. Durante a manhã de domingo estive em contacto com as duas irmãs do meu pai – a tia Kiki e a tia Isabel. E com a tia Teresa, companheira de sempre da irmã mais velha do meu pai, a tia Cristina. Recebi inúmeras mensagens de gente que conheceu a história, que sabe exatamente o que aconteceu, alguns que são próximos de Paulo de Carvalho, que eram próximos dos dois.
- Volto a insistir num ponto importante. Só escrevi o “postal do dia” pela desfaçatez de uma frase comercial sobre a biografia de Paulo de Carvalho. Não teria escrito nada se o motivo fosse a ausência do meu pai da biografia. Penso que o explicitei na última frase do “postal do dia”.
- Não posso deixar de responder ao comunicado de PC. Um comunicado que é ainda mais grave (e claro sobre a sua persona) do que tudo aquilo que esteve em causa no modo como tratou uma pessoa com quem trabalhava há longos anos. Penso que já não se trata de respeitar a memória de um homem como José Manuel Osório. Trata-se de respeitar o que foi o sofrimento de toda a família – a começar pela minha avó Alice e pela tia Cristina (e Teresa) que estiveram na primeira linha entre as pessoas que se sacrificaram naquela altura.
- No comunicado vai ao ponto de nos informar que foi ele a ajudá-lo quando ficou doente. Que foi o meu pai a desejar sair porque ele jamais faria tal coisa. Uma pessoa lê e não acredita. Por isso, coloquei aqui outra vez a nossa conversa (2002). O meu pai é absolutamente claro. Não o poderia ser mais.
- Se Paulo de Carvalho desejar – se achar por bem – que me processe por difamação do seu bom nome. Terei gosto em esclarecer o tribunal e de levar comigo toda a família direta, todos os que em casa presenciaram o estado de abandono, de sofrimento e de raiva do meu pai. Eu tinha 19 anos. Era muito jovem, mas felizmente ainda existem duas irmãs e a Teresa. Elas poderão confirmar e acrescentar o que não escrevi para salvaguardar o que Paulo de Carvalho representa como músico. As minhas tias e a Ana Campos Reis que o recebeu, que nos recebeu, na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, um apoio fundamental e que teve de acontecer. Elas e todos os que poderão testemunhar – porque não existe uma única pessoa no meio que não saiba o que aconteceu. Muitos não o farão pela dimensão mediática de Paulo de Carvalho ou por serem próximos, mas não há ninguém que não saiba. Também poderei levar os papéis que me deixou, cartas. Ou dar a ler o livro que com ele escrevi, também muito claro.
- Lendo o comunicado de PC até parece que lhe temos de agradecer pela sua presença e ajuda. Só receio pelo que vem a seguir. Porque um homem que escreve aquele comunicado é capaz de tudo”