A comissão independente ouviu mais de 500 vítimas e concluiu que pelo menos 4.815 crianças sofreram abuso sexual na Igreja Católica em Portugal nos últimos 70 anos. Estes dados foram divulgados esta segunda-feira, 13 de fevereiro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Nuno Markl foi uma das figuras públicas que mostrou a sua indignação nas redes sociais. Num longo texto, o radialista afirmou que “não há abusos e pedofilia menos graves do que outros”, mas a Igreja é “um dos contextos mais abjetos em que este horror puro pode acontecer”.
“Ler uma citação de um padre que, depois de cometer um abuso, diz à vítima ‘Deus está orgulhoso de tI’ é a modos que o fim do mundo. É de uma baixeza, de uma abjeção, de um calculismo – é O Mal. E é nestas alturas que eu adorava que houvesse mais provas concretas e práticas de que Deus existe. Porque me parece que um Deus decente, ao ouvir um representante d’Ele na Terra usar o seu nome para falar de orgulho após uma violação, teria mandado um providencial raio lá de cima para cima deste monstro“, escreveu.
“Em vez disso, nem raio, nem prisão, nem castigo, em tantos casos – apenas silêncios, mudanças de paróquia, e sempre uma altivez tremenda a condenar pecados alheios sem reconhecer os horrendos pecados que se passam entre as suas paredes”, lamentou.
Nuno Markl deixou ainda a sua opinião sobre as Jornadas da Juventude, evento que decorre em Portugal em agosto de 2023 e reúne milhares de católicos de todo o mundo, sobretudo jovens. “Não digo que não deveriam acontecer, mas diria que deviam ser sobre isto. Deviam ser uma oportunidade histórica para tão gigante instituição refletir, assumir, pedir desculpa e anunciar como pretende lidar com isto no futuro para que seja aquilo que tanta gente em todo o mundo quer acreditar que ela é“, rematou.