Depois de ter escorregado e caído, Nuno Markl sugeriu “trocar a calçada portuguesa por outra coisa”. No entanto, o desabafo do radialista e humorista gerou muitas mensagens de ódio como o próprio fez questão de contar nas redes sociais. E mais: foi bloqueado e teve que bloquear internautas.
“Malta, aconteceu uma coisa muito gira. Hoje dei um tralho aparatoso na rua – sapatos + chuva + piso escorregadio clássico português. Magoei-me, mas ri-me – e diverti-me a fazer um ataque irado à calçada portuguesa nas Manhãs da Comercial. Porque é divertido massacrar a calçada portuguesa – ainda mais porque já caí nela mais do que uma vez. Portanto, ela ganha sempre. Prolonguei a minha fúria anti-calçada aqui. Atenção: continuo a achar que 1) É bonita; 2) É um perigo. Mas… Isto é só um gajo furioso contra chão. Não é uma petição, não é uma revolta legítima; é um gajo irritado porque deu um tralho”, começou por escrever na legenda da publicação.
“Meu Deus – as mensagens de ódio que recebi. Eu não fazia ideia do amor que tanta gente tem pelo chão. Claramente tornou-se numa causa. Houve malta a espumar, pessoas que bloqueei pelo estado de nervos e de fúria em que estavam e – mais giro ainda – pessoas que me bloquearam a mim! Porque ficaram irritadas com a minha crítica ao chão português”, contou. .
“Isto, meus amigos, é a coisa mais cómica de sempre. Reparem: eu já levei na tola por ser contra touradas (para mim é uma causa legítima), por ser contra a maneira como a Igreja tem lidado com os casos de pedofilia no seu seio (para mim é outra causa legítima), já levei por causa de coisas que compreendo que toquem algumas pessoas de uma maneira profunda e pessoal. Mas uma fúria sobre o meu parecer irado sobre o pavimento? Isso é novo e fascinante. Até do ponto de vista sociológico“, continuou.
“Posso estar enganado, mas sinto que, para muita gente, a minha fúria patética contra os perigos da calçada portuguesa, revoltou-as mais do que – sei lá – o que se passa no Irão. Ou, para nos mantermos cá, o crescente número de pessoas sem casa e com fome”, acrescentou.
“Não – um palhaço da rádio a irritar-se com o chão? Isso estragou o dia de várias pessoas e elas atacaram com tudo o que tinham. E isso, para quem faz comédia, é muito, muito engraçado. Mas, na sua essência mais pura, é também triste. Não para mim, que hoje já cheguei ao meu ponto máximo de tristeza – lixei uma coxa e estou a gravar Taskmasters com dores (mesmo com dores, melhor emprego do mundo!). Mas dá uma boa reflexão: é o fim do mundo um gajo da rádio não gostar de piso escorregadio?”, rematou.