No final da passada semana, a cantora Irmã Ribeiro viu o seu nome envolvido numa polémica devido a um vídeo partilhado por Rita Pereira nas redes sociais. A atriz mostrou o seu novo visual ao som da música Filha da Tuga, de Irmã Ribeiro, e foi acusada de apropriação cultura, neste caso da cultura africana.
“Viram-me chegar e querem por uma etiqueta / Sou branca para os pretos para os brancos sou preta/ Sou a mistura da terra e da descoberta/ Um passado angolano um futuro lisboeta”, pode ouvir-se durante o trecho do tema partilhado por Rita Pereira na sua conta de Instagram.
Entretanto, esta quinta-feira, 21 de julho, Irmã Ribeiro decidiu quebrar o silêncio em relação à polémica.
“Estive a pensar se fazia este post ou não, mas segundo os meus princípios e sobre o sentido de missão do ‘Filha da Tuga’ não quero deixar de ter voz sobre isto. O ‘Filha da Tuga’ foi feito por três pessoas, eu e os meus amigos autores que tanto admiro”, começou por referir nas redes sociais.
“Esta história foi posta em poema com base naquilo que eu sinto, com base na minha vida […] Esta canção mexe com muitas feridas ainda abertas em muita gente. Porém, também acho que ela se cumpre no debate e diálogo que está iniciado, na possibilidade que nos permite de entender melhor o outro, as suas mágoas e cicatrizes e de dar um pequeno contributo numa necessária reconciliação coletiva. Em nenhum momento me quis colocar numa posição de vitimização. Só quis contar a minha história, a minha verdade, sempre ciente do lugar privilegiado em que me encontro, até pela visibilidade que a minha posição me traz“, reforçou.
“Num momento tão sensível como este onde falamos muito da luta contra o racismo, a frase ‘sou mistura da terra e da descoberta’ foi mal interpretada. A descoberta fala do reinício de vida dos meus avós num país novo, em 1975, em descobrir um recomeço”, esclareceu ainda.
“Sou filha de pais angolanos. Fui criada pelos meus avós maternos que vieram de Angola. Cresci com a cultura angolana em casa, os verões eram mais felizes com a vinda dos meus primos de Angola e com as corridas infinitas no corredor da casa dr Odivelas da minha tia Elisa [… ] Se isto não fosse suficiente para ter o direito em elevar a minha cultura, também tenho muito respeito por ela. Leio-a há alguns anos e no último ano mais a fundo. Porque a sabedoria não é recurso escasso, sinto sempre que tenho mais coisas a aprender e quero contar a história ao meu filho como realmente aconteceu”, recordou.
Em seguida, a artista explicou o que a levou a lançar este tema. “Quando decidi lançar o ‘Filha da Tuga’ o gatilho foi a urgência em contar a minha história e com sorte histórias de muitas pessoas […] Eu sou Filha da Tuga, sou fruto da mistura, elevo a vida com orgulho e não almejo separação. Sonho compreensão, partilha, luta por tudo o que ainda está por conquistar, por menos colorismo e mais empatia. Luto pelo racismo não ser uma questão de opinião”, frisou.
“É necessário conversar, sem agredir, sem excluir. É urgente reconstruir, contar a história como realmente aconteceu e passá-la ao mundo. Estarei sempre aqui, pronta para ouvir. Obrigada. Irma”, completou.
Leia a no texto na íntegra na publicação abaixo: