Rita Pereira viu-se envolvida numa polémica, depois de ter sido criticada por alguns seguidores nas suas redes sociais. Em causa estava a publicação de um vídeo onde a atriz mostrava uma transformação de visual, e a adoção de tranças em estilo africano.
“Querida, essa descrição da música não faz sentido nenhum. Tu não és preta para os brancos, vocês nunca vão ser pretos, nunca, e nunca vão saber o que é ser preta principalmente aqui em Portugal“, referiu a internauta, acusando Rita Pereira de ‘apropriação cultural‘.
Agora, a atriz decidiu reagir publicamente à situação, com a publicação de um longo desabafo, na sua conta oficial de Instagram.
“Desde que me conheço como gente que sou contra a desigualdade, a segregação racial, a discriminação social, o racismo. Desse que faço televisão que me manifesto contra o mesmo publicamente. São 18 anos a ‘chegar-me à frente’ no que diz respeito ao racismo“, referiu inicialmente Rita Pereira, ao dar conta do período de reflexão antes de decidir ‘quebrar o silêncio’ sobre o assunto.
“Fui das primeiras pessoas (não afro descendente) a falar de racismo em televisão, sem medo do que isso implicaria. Não sou eu, uma branca privilegiada, que devo falar sobre isto, mas tendo consciência plena deste privilégio e da influência que tenho no meu país, não posso ficar calada, deixando que me apontem o dedo como ‘desinformada’“, continua.
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De seguida, a atriz partilhou uma história pessoal, dando conta de que uma amiga sua foi recentemente despedida do local de trabalho, precisamente por se ter apresentado com o mesmo tipo de tranças: “Ora, se isto me causa revolta, imaginem às pessoas que sentem isto na pele há centenas de anos. E depois vem uma branca privilegiada com tranças e é sinónimo de exótica, moderna, linda, tudo de positivo, algo pelo qual os afro descendentes lutam há anos, equidade étnica, cultural e capilar“, referiu.
“Cheguei à conclusão que, devido à minha história de vida em relação à cultura africana, o facto de respeitar, admirar e honrar a cultura, sendo ativista em relação ao racismo, faz com que não seja uma apropriação cultural, mas sim admiração cultural“, salientou.
“Apropriação cultural é, entre outras coisas, usar algo da cultura de um povo sem o valorizar. O facto de eu usar tranças ou twists é no meu ver uma valorização, admiração, respeito e acima de tudo parte da globalização. Espero que esta polémica tenha ajudado pelo menos a trazer à praça pública esta questão da cultura capilar para que seja aceite em qualquer lugar, qualquer empresa, qualquer comunidade“, rematou.