Esta quarta-feira, Pedro Chagas Freitas recorreu às redes sociais para voltar a atualizar o estado de saúde do seu filho, Benjamim, que continua a lutar pela vida, internado, após ter sido submetido a um transplante, no passado mês de junho. O menino, que sofre de uma condição rara e crónica no fígado, vai voltar a ser operado.
“A angústia é uma besta. Em breve, provavelmente no começo da próxima semana, o nosso menino vai voltar ao bloco. Desta vez, vai ao dos grandes, talvez para ensinar por lá como é que se faz”, começou por dizer.
O escritor fez questão de deixar um sentido desabafo sobre o o que tem sentido nestes últimos tempos, que não têm sido fáceis. “Estes dias, antes de isso acontecer, não são dias — são túneis sucessivos no escuro, numa nuvem sem fenda, por um caminho tortuoso pelo meio de postes, árvores, armadilhas, emboscadas, balas que chegam de todos os lados. É isso o que somos quando estamos neste estado de ansiedade-limite: peões, soldados, numa guerra sem nome, sem denominação possível, sem enquadramento estratégico”, explicou.
COM FILHO NO HOSPITAL, PEDRO CHAGAS FREITAS RECORDA O PAI: “NEM TIVE TEMPO DE FAZER O LUTO”
“A única estratégia é respirar, fazer tudo o que for possível para respirar, para juntar uma expiração a uma inspiração, num exercício que parece simples, mas que no lugar onde estamos é uma intrincada, e complexa, equação, que só os maiores especialistas na matemática do medo conseguirão descodificar. Não sou, ainda, um desses, não sei se quero ser, não sei se desejo a alguém que o seja. Desejo apenas não passar de um amador desta porcaria toda, desejo para sempre não sentir mais isto, mais nada disto, nem mais um segundo disto. Serei, sem querer, um mestre da supra-angústia, da supra-dor, quando só queria ser um leigo total”, continuou Pedro Chagas Freitas.
“Aproveitem bem, deliciem-se com tudo, suguem cada instante de normalidade. É normalmente nela que a vida que interessa acontece”, terminou o autor.
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