Toy perdeu o pai em julho de 2020. António Ferrão tinha 95 anos e que sofria de Alzheimer. No programa ‘Júlia’, da SIC, o cantor recordou o dia em que um amigo encontrou o pai completamente desorientado.
“O meu pai foi sempre um homem muito ativo. A minha mãe faleceu bastante jovem, com 61 anos. O meu pai era 15 anos mais velho que a minha mãe. Ficou sozinho, nunca mais teve ninguém”, disse.
“Há uma altura da vida que ele começa a dizer-me ‘ando muito esquecido’. Quando estava no Panamá, ligou-me um amigo a dizer ‘o teu pai anda aqui perdido na cidade, diz que não sabe onde mora, que não tem a certeza’ (…) começou a ficar perigoso viver sozinho“, relembrou.
TOY FAZ REVELAÇÃO: “SOU FILHO DE PAI INCÓGNITO”
O músico e a irmã tiveram que encontrar uma solução pois o pai “não queria ninguém lá em casa”. “Começámos a dizer que havia um sítio onde ele podia levar a guitarra para tocar, ele começou a ficar completamente esquecido e deligado de tudo“, contou.
“Essa fase final é complicada a partir do momento em que tu começas a perceber que o teu pai não te conhece e isso é muito doloroso. Se fizermos uma análise mais fria, provavelmente para ele é melhor. Acho que o meu pai não sofreu dores porque não tinha dores físicas”, acrescentou.
“A parte mais complicada, por exemplo, quando eu tinha que ir com ele ao hospital fazer os exames, conseguir fazê-lo entrar no carro e ele ‘acudam-me’, a pedir socorro, penso que na ideia dele estava a ser raptado e era o filho. Davam-lhe uma bolacha e era como as crianças ‘a bolacha é minha’. Nessa fase já não era o meu pai. Deixou de ser ‘o meu pai’ quando perdeu a consciência e, a partir daí, foi mais complicado. Foi tentar dar-lhe a melhor qualidade de vida até ao final da vida dele”, rematou.
