Tal como Inês Martins, Zulmira Ferreira é o novo rosto do Passadeira Vermelha. Além de falar do entusiasmo pelo novo desafio, a consultora de investimento confessou como gere a sua vida, sempre de malas sempre prontas, o seu casamento de 33 anos com Jesualdo Ferreira e o adiamento sucessivo de um desejo.
Tinha chegado do Cairo, Egito, há poucas horas. Esteve na capital durante mais de um mês e viveu um clima de autêntica festa. Jesualdo Ferreira sagrou-se campeão de futebol pelo Zamalek pela segunda vez. “Tenho andado de lá para cá“, explica. “Cheguei cansada [a Portugal] porque foi uma celebração constante. No Egito vive-se o futebol de forma surpreendente. Neste momento, o meu marido é um rei por lá. As comemorações foram extraordinárias“, descreve.
Zulmira Ferreira pôs de lado uma carreira de sucesso enquanto consultora de investimento em prol do seu casamento. Desde então, tem feito uma vida de nómada. Brasil, Egito, Qatar, Espanha, Grécia. A lista é interminável.
“Quanto mais faço, menos gosto”
Novo país, nova casa. Mas como se dirige tudo isto? “Aprendi a viver com isso e, por um lado, apaixona-me. Foram mesmo todas muito gratificantes. Adapto-me muito facilmente“, revela. É perita em recomeçar e, talvez por isso, acelere o processo de estabelecer amizades a cada poiso.
“Fiz amigos para a vida em todos os países, todos. Mas há uma coisa que me enerva imenso. Quanto mais faço, menos gosto: fazer as malas“, aponta. Nos últimos anos, Zulmira e Jesualdo tomaram uma decisão que os libertou de sucessivas dores de cabeça: deixar de comprar casa.
‘Novo clube, novo país’ significava a tarefa de encontrar um imóvel, mobilar para depois, em poucos anos, fazer tudo de novo. “Eram contentores e contentores com as nossas coisas para mudarmos de uma para a outra”, relata. Agora, o casal opta por morar em hotéis.
“Já estou quase como a Beatriz Costa” brinca. “Ainda vou acabar os meus dias numa suite de um hotel. É muito mais prático e funcional, temos quem nos faça sempre tudo. E sinceramente, não penso mais em montar ou comprar casas“, explica.
“Agora já não acredito nisso”
É em Cascais que tem o seu posto permanente e há muito tempo que está habituada a viver sozinha. É apaixonada pelo concelho e garante que, mesmo depois das gravações do Passadeira Vermelha em Carnaxide, vai continuar fazer o mesmo percurso: conduzir pela marginal, mesmo quando a distância é maior.
“Conforta-me imenso. Adoro ver o mar e dessa parte não dispenso. Até porque agora, mais do que nunca, preciso de me inspirar“, comenta sobre o programa com emissão na SIC e SIC Caras.
Foi em 2010, aos 64 anos, que Jesualdo Ferreira saiu do FC Porto. “Tinha-me dito que era o último ano. Agora já não acredito“, confessa Zulmira. Passaram 12 anos e a carreira do treinador de 76 anos continua ativa. “Pois, não deveria não é? Já deveria estar reformado“, brinca. “Devia estar a gozar estes anos depois de 45 anos ininterruptos de trabalho”, sublinha.
Uma casa. Um sítio enorme e com muitos animais. Era este o plano da vida a dois, após a reforma. Será que o plano ? “A curto prazo não estou a ver. Era realmente um desejo meu. Mas eu quero vê-lo feliz. É o ADN dele. É paixão. Rejuvenesce quando está a trabalhar. Na pandemia já andava sem saber o que fazer. Ele tem saudades. Saudades do treino diário, da pressão constante, do cheiro a relva. E eu tenho que estar ao lado dele“, confidencia.