Sofia Arruda impulsionou o movimento #MeToo em Portugal depois de em 2021 ter revelado numa entrevista para o ‘Alta Definição’, da SIC, que foi vítima de assédio – e a recusa a “uma pessoa com muito poder dentro de uma estação de televisão, de uma produtora” fez com que ficasse vários anos sem trabalho.
A atriz esteve à conversa com Rita Ferro Alvim para o podcast “N’A Caravana” e esse assunto foi novamente abordado. “Quando isto me aconteceu eu tinha 20 anos. Acho que era mais ingénua talvez. É aquela coisa de guardares as coisas para ti”, disse.
Sofia, que recorreu ao psicólogo, contou que “nunca ia conseguir lutar contra aquela pessoa”. Apesar de não mencionar o nome do agressor, a atriz afirmou que “a pessoa sabe. Aliás, toda a gente sabe porque não foi só comigo“.
“Eu não falei disto na altura, [não falei] durante muitos anos. Falei só com a minha mãe. ‘Ok, como é que eu vou gerir isto? Eu não posso ir contra a pessoa, mas por outro lado também não quero nada disto’. A minha mãe disse: ‘Nós se calhar temos que ir à polícia’. E foi ai que eu tive que dizer na cara da pessoa ‘Não, não vai acontecer’ e seja o que Deus quiser. Fui lá e ele disse-me: ‘Então não vais trabalhar mais’. E cumpriu”, recordou. E acrescentou: “Estive sete anos sem trabalhar naquela estação”.
“ISTO AINDA ACONTECE NA ESTAÇÃO DA BAIXA-CHIADO?” – SOFIA ARRUDA INDIGNADA COM FOTOGRAFIA DE IDOSOS
“Quando as pessoas estão num determinado patamar, quase não têm ninguém acima, portanto é muito difícil que alguém vá lutar por ti”, disse ainda.
Sobre a entrevista que concedeu a Daniel Oliveira, a atriz contou que o diretor-geral de entretenimento da SIC a confrontou sobre o facto de ter estado tantos anos sem trabalho na televisão e percebeu que havia algo mais que Sofia não estava a contar. “Tive dois segundos para pensar: ‘Ou eu falo agora ou vou-me calar para sempre”, disse. E falou. E sempre que uma mulher usa a sua voz, há outra que sabe que não está sozinha.