Tomás Santos, ator que ganhou mediatismo na série juvenil Morangos com Açúcar em 2007, encontra-se atualmente a cumprir 11 anos de pena de prisão por tráfico de droga. Na sua última saída precária, concedeu uma entrevista única a Júlia Pinheiro, onde falou sobre a sua ligação ao mundo do tráfico e os últimos anos passados na prisão.
Perante problemas financeiros e um “negócio que estava a cair”, o tráfico de droga pareceu ser a única saída para o ator. “Para mim, era o único caminho possível para tentar equilibrar a situação financeira que tinha na altura. Tinha consciência da gravidade do crime, se calhar não pensei que iria estar tanto tempo envolvido naquilo e nunca pensei que me iria envolver tanto nesse tipo de crime. A minha ideia era: ‘. Vou fazer só agora porque preciso. Assim que puder, eu paro’ […] Se pudesse esconder de toda a gente, esconderia”, contou.
Entretanto, passou um ano até que foi apanhado em flagrante delito e detido pelas autoridades. Na altura, em 2013, foi condenado a nove meses de prisão, pena que cumpriu no estabelecimento prisional de Caxias. “Conheci um mundo que nunca pensava conhecer, conheci um sítio que nunca pensei estar”, desabafou, revelando que a família foi o seu grande pilar durante esse período.
Porém, em 2015, o ator voltou a cometer o mesmo erro e foi novamente detido, desta vez com uma pena de prisão mais pesada: 11 anos e seis meses. “Parece que da minha primeira vez não aprendi a lição que devia ter aprendido […] Não aprendi à primeira, não ganhei o respeito que devia ter ganho perante o sofrimento que eu próprio passei, mas principalmente que causei aos outros. Aí, sim, cometi o maior erro da minha vida “, admitiu.
“Eu tinha consciência, no decorrer do processo, que agora seria grave. O meu advogado da altura foi-me preparando e disse que a situação não estava fácil e com uma pena suspensa pendente, a moldura penal iria ser grave […] Vi o meu pai chorar pela primeira vez. Eu chorei para dentro várias vezes. Nunca consegui deitar uma lágrima até ao dia de hoje“, recordou.
Entretanto, cumpridos sete anos de prisão e olhando para os três filhos, o ator confessa ter um sentimento de culpa. “Ninguém vive dentro da cadeia. Não é vida nenhuma […] Culpo-me a mim mesmo todos os dias, nestes sete anos. Onze anos e seis meses é uma pena alta, é verdade, mas não é a condenação que eu vou ter, é o sentimento de culpa que eu vou carregar o resto da vida. Isso não tem um limite de anos”, confidenciou.
Neste momento, o horizonte é a liberdade condicional. “Tenho feito o meu percurso, não tenho nenhuma participação, não tenho nenhum castigo, já gozei algumas saídas precárias, mas a decisão está sempre nas mãos do juiz”, contou.
Por fim, Tomás Santos referiu que a prisão fez de si um homem diferente. “Aquilo que a prisão nos faz, somos nós próprios que escolhemos. Nós temos duas opções: ou nos rendemos, deprimimos e nos deixamos ir abaixo ou escolhemos ser fortes. Eu costumo usar uma frase que digo aos meus filhos que é: ‘O homem que eu fui, o homem que eu sou e o homem que serei são três pessoas totalmente diferentes’. E é verdade […] A prisão amadurece toda a gente, mesmo que uma pessoa não queira. É uma lição de vida grande e passar este período de idade [na prisão] fez-me amadurecer muito mais”, completou.