Na primavera de 1966, nos Estados Unidos, uma mulher caminhou até ao túmulo do seu filho, que morreu aos três anos, carregando uma espingarda. Terá tirado o sapato, pressionado o gatilho com o dedo do pé e caído no chão, onde permaneceu até ser descoberta na manhã seguinte.
O seu marido, June Austin, disse aos médicos legistas que a mulher já tinha tentando o suicídio três vez. Assim sendo, foi essa a causa de morte declarada. E este foi, aparentemente, o trágico destino de Emma Jean Spears, comumente chamada simplesmente de Jean – a avó de Britney Spears, de quem ela recebeu o apelido e com quem ela tem uma semelhança impressionante.
No entanto, revelações divulgadas esta semana alegam que pode não ter sido suicídio. Em vez disso, pode ter sido assassinada – por ninguém menos que o marido, o avô paterno da cantora. Uma investigação da New York Magazine – House of Spears – cita membros da família de Britney que questionam sobre o que realmente aconteceu.
A investigação pinta um retrato sombrio da árvore genealógica de Britney Spears, inclusive características do comportamento do avô da cantora que foi passado ao filho, Jamie Spears, que foi acusado de abuso dos poderes no acordo da tutela judicial com a qual controlava a vida da filha há 13 anos.
Para entender a história, é preciso regressar atrás no tempo
Em 1930, June Austin conheceu Jean perto de Kentwood, no interior da Louisiana. A avó da cantora tinha apenas 16 anos quando se casaram. June só conheceu o filho Jamie quando este completou um ano porque estava na força aérea. O pai de Britney tinha 13 anos quando a mãe morreu em circunstâncias tão violentas.
O pequeno Jamie adorava desportos, destacando-se particularmente no futebol americano, e tornou-se o quarterback do ano de Louisiana. Mas June era um treinador implacável, levando o seu filho à “exaustão” nos treinos e fazendo a sua presença ser sentida nas arquibancadas nos jogos em casa.
Na adolescência, Jamie ficou gravemente ferido num acidente de carro no qual o seu melhor amigo morreu. A resposta do seu pai foi repreendê-lo. Um mês depois da tragédia, Jamie estava de volta ao campo, onde ganhou o campeonato daquele ano.
Apenas oito meses após a morte de Jean, June casou-se com Jo Ann Blackwell. Mais tarde, ela alegou que ele a espancou e “cometeu vários atos de crueldade” contra ela. De acordo com os seus filhos, até a prendeu contra a sua vontade no hospital psiquiátrico Mandeville. Assim como Britney, Jo Ann é interrogada pelo tribunal quanto à sua aptidão como mãe.
Citando o seu “colapso nervoso”, o tribunal concedeu a custódia a June. “Esses homens Spears são horríveis”, disse John Mark Spears, tio de Britney e filho de Jo Ann, ao New York Post. “Ele arruinou Emma Jean e arruinou a minha mãe. Ele enviava-as para Mandeville de tempos a tempos. Então não estou muito surpreso com o que Jamie fez com a Britney.”
Histórico de internamentos contra a própria vontade em instituições mentais
Britney Spears nasceu em 1981, cinco anos depois do seu pai ter conhecido a sua mãe, Lynne Bridges. Financeiramente imprudentes, os pais da cantora gastavam o dinheiro nas aulas de música da filha e competições, para que ela se tornasse uma estrela.
Em março de 1998, entraram com pedido de falência. Mas apenas três meses depois, o single de estreia da sua filha de 16 anos, Baby One More Time, liderou em 22 países e tornou-se um dos singles mais vendidos de todos os tempos. Britney Spears tornou-se, efetivamente, uma estrela.
Depois vieram os colapsos mentais. “Ela costumava falar sobre como não conseguia acreditar que recebeu o nome da sua avó que se suicidou”, disse outro tio de Britney, William Spears, em 2008. “Agora estamos preocupados que o mesmo aconteça com ela”, acrescentou.
Durante a tutela, Britney perdeu a custódia dos seus filhos, Sean Preston e Jayden James, depois da sua aptidão enquanto mãe ter sido questionada. No entanto, em abril de 2019, um especialista jurídico – que afirmou ter trabalhado na tutela de Britney – disse que ela foi forçada a entrar em instituições mentais.
Leigh Ann Spears Wrather, que também é tia de Britney e meia-irmã de Jamie, também teve algumas coisas a dizer sobre a família no ano passado: “A minha mãe era como uma debutante, vinha de uma boa família e era considerada um bom partido, mas o meu pai – eu odeio até chamá-lo assim – deixou-a louca. Ele institucionalizou-a em Mandeville algumas vezes e deu-lhe lítio“, disse.
“Quando soube que Britney tomou lítio durante algum tempo eu quase não acreditei, mas fazia sentido. Típico para esta família e como eles tratam as suas mulheres. Eles são maus e vão destruir-te se não te puderem controlar”, acrescentou, alegando que June a agrediu sexualmente e fisicamente, e que fugiu de casa aos 16 anos depois de ter sido abusada desde os onze anos. “Espero que ele esteja a queimar no inferno”, afirmou.
O avô de Britney Spears ‘puxou o gatilho’?
Tanto John Mark como Leigh Ann questionam se Jean Spears realmente se suicidou ou se June, que morreu em 2012, esteve por trás disso. “Ninguém sabe o que aconteceu porque ninguém estava lá”, disse Leigh Ann.
“Mas podem apostar que o meu pai puxou o gatilho de uma maneira ou de outra, mesmo que ele não estivesse lá”, afirmou.
Esta semana, um jornalista da New York Magazine perguntou a um membro da família em Kentwood sobre o que queria dizer “puxar o gatilho”. “Ele levou-a até à morte?”, questionou o repórter. “Não literalmente”, respondeu o membro da família, que pediu para não ser identificado.
Será que Jamie foi tão afetado pelo comportamento do pai que deu o mesmo tratamento à filha?