No da 9 de abril deste ano, durante o jogo em que o Manchester United perdeu para o Everton, Cristiano Ronaldo esteve envolvido num incidente com uma criança autista. Sarah Kelly, mãe do menino de 14 anos, acusou o futebolista de ter agredido o filho com uma bofetada na mão ao atirar ao chão o seu telemóvel.
Na altura, o craque português pediu desculpa pelo seu comportamento e convidou o pequeno Jacob Harding a assistir a uma partida em Old Trafford, “como um sinal de fair-playe desportivismo”. Sarah recusou o convite.
Agora, numa entrevista exclusiva ao ‘Mirror’, Sarah disse que Cristiano a levou às lágrimas depois de um telefonema, acusando-o de “intimidação” por ela estar a levar o caso à Justiça britânica. É que o jogador de futebol foi advertido pela polícia de Merseyside e foi condenado a pagar cerca de 236 euros.
A chamada com Cristiano Ronaldo
Sarah contou que, um dia após o ataque, um homem chamado Sérgio, que disse ser assistente de Cristiano Ronaldo, lhe ligou com uma oferta para conhecer o jogador. Mais uma vez, ela recusou. “‘Você sabem quem é o Ronaldo?'”, terá perguntado Sérgio. “Eu disse-lhe: ‘Claro que sim e a resposta é não’. Desliguei a tremer e a chorar. Senti-me intimidada”, recordou, acrescentando que dois dias depois o assistente ligou novamente a dizer que CR7 gostava de falar com ela pessoalmente.
“O telemóvel tocou novamente e um homem disse: ‘Olá, daqui é o Cristiano Ronaldo’. Perguntou-me se gostaria de descer e conhecer a sua família. Ele disse: ‘Eu não sou um mau pai’. Eu disse-lhe: ‘Nunca disse que você era um mau pai’. Ele disse: ‘Tive uma educação terrível, perdi o meu pai’. Disse-lhe: ‘Todos temos uma história triste, Ronaldo, perdi o meu pai quando era jovem, tive cancro'”, relembrou.
“Ele chamava-me de Jack, nem sabia o meu nome e eu disse: ‘o meu nome é Sarah’. Ele respondeu: ‘Oh, Sarah, desculpa'”, contou. “Ele também nunca se referia a Jacob pelo nome, era sempre ‘o menino’. ‘Sei que o menino tem problemas’, disse ele. Eu disse: ‘Ele não tem problemas, ele tem uma incapacidade, você é que tem problemas’“, acrescentou.
“Ele disse ‘sinto muito’, mas acrescentou: ‘Não fiz nada de errado’. Ele disse que não ‘pontapeou, matou ou deu socos em ninguém'”. Tal descrição deixou a mãe de Jacob indignada. “Isso deixou-me em chamas, estava furiosa, o meu coração estava a bater forte e eu disse: ‘Então bater na mão do meu filho e deixá-lo com hematomas não é magoar ninguém?’ Ele disse que eu não quero isso vá à comunicação social ou à imprensa ou ao tribunal. Disse que tinha uma boa equipa jurídica, que venceria e lutaria comigo até ao fim, que sabia como jogar com os média.”
Durante o telefonema de 10 minutos, Ronaldo terá mencionado, segundo Sarah, que foi acusado de violação sexual e crimes fiscais, e questionou o que ela “queria dele”. “Apenas respondi: ‘Não quero nada seu, a polícia está a lidar com isso'”, disse.
“Eu desliguei a chamada e ele fez-me questionar, como se tivéssemos feito algo errado (…) estava numa torrente de lágrimas”, acrescentou.
“Fomos tratados como criminosos e Ronaldo a vítima inocente“
Sarah, que disse que Cristiano Ronaldo era o “homem mais arrogante com quem já falei”, quer agora saber conseguiram o seu número pessoal. “Senti-me intimidada e furiosa por ele ter recebido o meu número [de telemóvel]. Estou absolutamente enojada por ele ter-se safado disso. Nem substituiu o telemóvel do meu filho. Enquanto isso, os trolls [da Internet] tornaram a minha vida num inferno”, revelou.
“Muitos adeptos do Manchester United diziam que o meu filho provavelmente roubou o telefone. Foi nojento. O meu menino tem um coração de ouro. Tenho medo de sair de casa, estou sempre a olhar por cima do ombro. Fomos tratados como criminosos e Ronaldo a vítima inocente. Tem sido um pesadelo. Fiquei sem palavras quando soube que ele tinha recebido uma advertência. Foi uma bofetada na cara e uma injustiça total”, contou.
“Quero ver justiça porque não houve nenhuma. Quero que ele seja responsabilizado pelo que fez. A única maneira de obter justiça é continuar a lutar”, afirmou. “Por causa do seu autismo, Jacob fala sobre isto [o que aconteceu naquele dia do incidente] todos os dias.”