27 de junho de 2014. Esta é a mais dolorosa data para Judite Sousa. Foi nesse dia que a jornalista perdeu o filho, André Sousa Bessa, na sequência de um acidente numa piscina. Em entrevista para o ‘Alta Definição’, da SIC, recordou uma fase do luto: a revolta.
“Durante estes oito anos, principalmente nos cinco anos, pessoas que eram próximas de mim diziam-me: ‘Tu estás mal educada, tu és agressiva, tu falas connosco como se nós tivéssemos culpa, tu tratas as pessoas mal'”, contou.
A jornalista não compreendia porque é que estava a “falhar em termos humanos” até que ouviu a entrevista da atriz Custódia Gallego, que também perdeu o filho, Baltazar, vítima de cancro. “Quando ela diz que entrou num processo de revolta e tratava mal toda a gente. O que ela dizia a ela própria foi exatamente aquilo que eu senti. Para os outros o mundo continua igual, os outros continuam com os filhos deles, os outros continuam a levar os filhos à praia e eu fiquei sem o meu“, disse.
“Eu sou uma revoltada. Sou uma revoltada em relação à minha narrativa e sou uma revoltada em relação aos outros. Porque é que eu fiquei amputada e os outros também não ficam amputados? É como se eu deseje que os outros passem pelo mesmo sofrimento que eu estou a vivenciar. Isto dito desta forma é horrível, é esta a explicação psicológica para uma das fases do luto patológico. É isto que diz a literatura médica.