Depois da emotiva entrevista concedida a Júlia Pinheiro, Judite Sousa esteve no programa Prova Oral, da Antena 3, para falar sobre o seu livro Pedaços de Vida. Em conversa com Fernando Alvim, a conhecida jornalista falou sobre o processo do luto após a morte do filho, em 2014, e lamentou a falta de empatia e compreensão que sentiu por parte de algumas pessoas.
“Quando ouvi a entrevista da Custódia Gallego [cujo filho morreu em 2018], ela disse que quando o filho faleceu, ela sentiu uma revolta contra tudo e contra todos. Ela queria que a dor dela fosse também sentida pelos outros, porque quem perde um filho fica amputado”, recordou Judite Sousa.
“E olhamos para o lado e as outras pessoas continuam com a sua vida, como se nada fosse, naturalmente, continuam com os seus filhos, continuam com as suas alegrias, continuam com as suas expectativas depositadas nos seus filhos, nos netos que irão ter, no futuro que irá existir. E nós não. Nós não temos nada disso. Nós ficamos sem isso. E isso gera revolta”, reforçou.
“Aquilo que durante anos, algumas pessoas, creio que por ignorância, me disseram, que eu me tinha tornado um ser humano muito difícil, estavam profundamente enganadas. O engano era dessas pessoas. Eu estava a viver o meu luto. E a revolta faz parte do processo de luto. Tem um nome: ‘agressividade no luto’ “, continuou, citando o autor João Rebelo.
“Espero que aquelas pessoas que me disseram coisas terríveis durante oito anos fiquem a pensar nestas duas palavras”, frisou. “É assim como ficam um pai e uma mãe…amputados”, completou ainda.