José Wallenstein foi o entrevistado do programa Alta Definição, este sábado, 11 de março. Numa conversa intimista com Daniel Oliveira, o ator deu a conhecer o seu lado mais pessoal e recordou também um dos momentos mais duros da sua vida: a morte do filho mais velho, Simão, aos cinco meses.
No momento do seu nascimento, o filho do artista foi diagnosticado com trissomia 21 e ainda com uma malformação cardíaca, que lhe poderia causar infeções respiratórias. “Ele tinha um diagnóstico vão porque segundo dados da época, metade das crianças com Trissomia nasce com uma deficiência na formação cardíaca […] E a perspetiva era ele conseguir sobreviver até um ano de idade e poder ser operado. Na altura só se podia operar crianças com aquele problema até um ano de idade. Infelizmente, o Simão não resistiu”, começou por referir.
Segundo José Wallenstein, uma criança com Trissomia 21 “faz tudo muito mais tarde e pior, quer a nível motor, quer a nível, mental everbal”. “Portanto, o que é preciso fazer? Chamar uma estimulação precoce. Portanto, fazer trabalho de aulas para o ajudar a tentar ter um desenvolvimento psicomotor mais ou menos normal. Na altura, esse mundo era um pouco cinzento, chato, tecnicamente pouco preparado”, acrescentou.
“Fiz o que foi possível, o máximo, naqueles cinco meses da vida do Simão. Dei a minha vida a ele, mas não consegui lutar contra a natureza e a fatalidade da morte […] Eu fui à luta. Com Trissomia ou sem Trissomia, é teu filho, é sangue do teu sangue. Filhos para mim são as coisas mais importantes”, destacou.
“Uma malformação cardíaca é muito difícil. Não sou médico, nem cirurgião e não pude fazer nada. A natureza decidiu por mim”, confidenciou.
Após a morte do filho, José Wallenstein recordou que sentiu “uma tristeza profunda”, aliada a “um misto de sentimentos”. “A perspetiva era ele sobreviver, ser operado com um ano e ter uma vida com um filho com Trissomia 21, com o que tudo isso representa. Eu vejo, é difícil. Felizmente – isto pode ser estranho de dizer – a natureza resolveu o problema […] A perda de um filho é uma coisa terrível, mas ao mesmo tempo há uma sensação de alívio, digo com toda a honestidade”, notou.
“É um possesso, é um luto que se faz e depois vai-se percebendo que afinal foi melhor assim. A natureza se calhar decidiu bem. Eu não fiz nada, a natureza decidiu por mim. Portanto, isso pacifica-nos de alguma maneira”, completou.