Jorge Guerreiro foi o entrevistado do programa Alta Definição, este sábado, 29 de abril. Numa conversa intimista com Daniel Oliveira, o cantor deu a conhecer o seu lado pessoal e recordou um dos momentos mais duros da sua vida: a morte do irmão, Carlos, na sequência de um ataque cardíaco, em 2021.
O artista começou por lembrar o momento em que teve de dar a triste notícia à mãe, Amélia Laranjeiro. “Eu não queria ser o portador de uma notícia tão má, mas só podia ser eu. Calhou ela estar comigo quando a minha ex-cunhada me ligou a dizer que o meu irmão tinha falecido […] Eu tive duas opções: ou contava ali, naquela hora, ou esperava até chegarmos a casa. Mas eu contei-lhe logo. Nós estávamos na rua e eu não consegui disfarçar”, contou.
“O meu irmão morava em Valência, não estava a viver em Portugal. O nosso contacto não era frequente, nós falávamos poucas vezes, mas houve uma relação. O meu irmão era aquele que dormia comigo, o único que me tolerava […] Eu tive de gerir tudo isso e a minha mãe também, de igual forma”, confidenciou.
“Tivemos de ir para Valência, o funeral foi lá. [A viagem] foi terrível. Tu pensas: ‘Se calhar já podias ter feito esta viagem, mas para o visitar’’. E ele sentia essa falta, se calhar sentia-se um bocado sozinho”, referiu. “O olhar dos meus sobrinhos não me sai da cabeça […] Ver aquele olhar quando entrei em casa da minha ex-cunhada é surreal. É uma imagem que vai ficar para sempre marcada”, acrescentou.
O cantor confessou ainda que as cerimónias fúnebres foram particularmente dolorosas para si. “O funeral doeu-me muito porque éramos muito poucos. Mas também a família não podia ter ido toda para Valência, estávamos em 2021, pandemia, não podíamos trazer o meu irmão para cá. Houve impossibilidades financeiras para isso. Eu sei que se fosse cá, em Portugal, que ele tinha muita gente a despedir-se dele…Doeu-me muito, naquela despedida dele, sermos tão poucos. Não é que isso tenha alguma relevância, não tem. Mas o meu irmão já se sentia sozinho e ter uma despedida com cinco ou seis pessoas…”, referiu.
“Ele tinha muito orgulho em mim e dizia-me sempre que quando viesse a Portugal queria ver um concerto meu, com os filhos, o Rodrigo e o Gonçalo. Isso aconteceu no ano passado. Ele não estava cá, mas eles estavam. Os meninos vieram de férias a Portugal e foram-me ver. Faltou cá o meu irmão”, completou.