Ângelo Rodrigues está de volta a Portugal. Depois de uma viagem de vários meses onde viajou por diferentes locais do mundo, que culminaram num período de voluntariado no Nepal, o ator está agora a publicitar o seu mais recente trabalho.
Ângelo participa na série brasileira da Netflix, Olhar Indiscreto. Onde interpreta Heitor, um jovem milionário bem parecido com uma vida marcada por mistério. Um papel que lhe está a fazer chegar milhares de fãs e a conquistar o público brasileiro.
Contudo, o momento até ter garantido o bilhete de ida para esta aventura foi bem desafiante. É que foi no dia seguinte à 10.ª cirurgia que fez à perna, devido a “uma questão que não tinha ficado bem resolvida”, que o ator recebe uma chamada do agente brasileiro.
“Tinha vindo do hospital, estava com uma perna completamente ligada e tinha-a também ligada a uma máquina de vácuo. Para além disso, estava com duas muletas. Propus-me a fazer uma self tape com 4 cenas sem conseguir andar. Pensei, ‘não consigo andar mas não vou desperdiçar esta oportunidade’“, confessou aos jornalistas em encontro de imprensa.
O problema é que numa dessas quatro cenas, Ângelo tinha de aparecer a andar. Problema esse que solucionou através de um ângulo estratégico e de uma cadeira, que usou para se apoiar depois de dar dois passos sem muletas, enquanto sofria com dores.
Uma nova chamada do agente que lhe garante que a realizadora da série “tinha adorado o casting” mas a emissora “tinha uma dúvida”. Depois de uma rápida pesquisa pela Internet, perceberam o que tinha acontecido e que a saúde do ator poderia estar comprometida. Por isso, desta vez pediam uma fotografia da cicatriz e um vídeo onde teria de correr.
A solução foi a SIC.
“Era tudo o que tinha na altura”
— Ângelo Rodrigues
“Eu não conseguia andar sequer. Primeiro, fui ao rolo das fotografias, recuei 8 meses e encontrei uma imagem que defendia um pouco a cicatriz que tenho, enviei isso. Depois, pensei: ‘Como é que eu vou enviar um vídeo a correr?’. Lembrei-me que a SIC tinha feito um documentário sobre a minha recuperação e que no final, eu apareço a correr, a fazer um sprint na praia. Era tudo o que tinha na altura“, recordou.
Só depois desta fase, de onde saiu vitorioso, Ângelo soube que a emissora em causa era a Netflix. Que a tinha conseguido enganar e que em breve faria parte de uma série que estaria disponível numa plataforma de streaming popular em todos os cantos do mundo.
“No dia seguinte [a enviar o vídeo] recebo a notícia, com enorme felicidade, a dizer que tinha ficado com o papel. E aí o meu agente diz-me que a emissora é a Netflix. Foi também só nesta altura que fui honesto sobre a minha saúde e que o meu agente soube como é que estava“, revela.
Entre os castings e as gravações da série, existiram três meses em que o ator se dedicou afincadamente na sua recuperação.
“Não havia plano B”
— Ângelo Rodrigues
“A partir do momento em que soube que fiquei, comecei um intenso processo de fisioterapia caseira. Sabia que papel teria uma enorme exposição e vindo de uma 10.ª operação, uma 10.ª anestesia geral, é normal dizer que não estava com uma autoestima nos píncaros. Era um caminho de solificação interior para uma personagem que tinha de emanar poder, segurança e confiança, que era tudo o que eu não tinha“, explicou.
Contudo, nunca duvidou de que este seria um papel que conseguiria interpretar até porque já tinha passado outras adversidades na vida que lhe provaram que se conseguia superar, mesmo nos momentos mais difíceis.
“Estas adversidades são um enorme combustível. São certos gatilhos que aparecem na vida, que quando aparecem, descubro uma força que não sabia que tinha. Ia ser a minha estreia na Netflix, queria estar no meu máximo, não tinha desculpa. Acreditei na personagem. Tinha que chegar ali e entregar. Não havia plano B“.