Nos últimos dez anos, a vida de Bárbara Guimarães foi marcada por vários altos e baixos. A apresentadora da SIC foi diagnosticada contra um cancro da mama e teve ainda de lidar com um processo judicial desgastante, que resultou condeção do ex-marido, Manuel Maria Carrilho, por violência doméstica.
A propósito do Dia Internacional da Mulher da Mulher, que foi assinalado esta quarta-feira, 8 de março, a comunicadora esteve à conversa com Carla Quevedo e Matilde Torres Pereira, no podcast As Mulheres Não Existem, do Expresso, e mostrou-se desiluda com a justiça portuguesa.
“Foram dez anos muito morosos […] Parece que parei dez anos. Portanto ficaram dez anos suspensos, um pouco também congelados. Não vou fazer 50. Vou fazer 40 porque eu quero recuperar estes dez anos e estou a fazer por isso. Estou com essa vontade, com esse desejo…São dez anos muito vividos, muito desgastantes”, começou por referir.
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“Fez-se justiça, mas quem é que nos devolve uma década? É muito tempo”, sublinhou. “O estado de direito permite que isto aconteça. Vou ser muito franca e objetiva, eu tenho alguma dificuldade quando me pedem para falar sobre as campanhas contra a violência doméstica, de dizer a minha opinião e de dizer a quem é vítima para se queixar. Eu não estou muito à vontade nesse assunto porque nós podemos dar o conselho de ‘queixem-se’, mas há coisas muito mais importantes que estão envolvidas se houver esta morosidade. Parece que o tempo nunca mais passa e as coisas não acontecem. Passa-se de um tribunal para o outro, recursos e mais recursos […] Tenho alguma dificuldade em dizer: ‘Vão-se queixar, imediatamente’ . Há que ponderar muito isto também”, reforçou.
“No início, tive logo um ‘feeling’ de que isto não ia ser fácil. Foi quando fui ouvida pela ‘primeira vez’, 11 vezes […] Fui 11 vezes a tribunal para falar, responder e senti-me uma arguida […] Foi muito complicado. Eu não sei, mas às vezes arranjamos forças onde não sabemos que as tínhamos”, explicou.
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Bárbara Guimarães assumiu ainda que SE sentiu “prejudicada” por ser uma figura pública. “Acho que houve aqui um assassinato de caráter muito violento, muito difícil de reagir, até de falar sobre o assunto porque tudo era perigoso. Tudo era lama, tudo eram um lamaçal tão grande”, desabafou.
“Por acaso uma pessoa da SIC deu-me um conselho que eu acatei imediatamente. O Rodrigo Gudes de Carvalho virou-se para mim e disse: ‘Mergulha’. Eu acho que fiz esse mergulho e quero recuperar o fôlego todo”, rematou.