A maior pressão: Hell’s Kitchen ou correr os 100 metros? Francis Obikwelu conta-nos tudo

A resposta poderá surpreendê-lo! O atleta de alta competição foi eliminado e deixou o chef Ljubomir Stanisic em lágrimas.

Créditos: SIC
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Famosos

A história de vida de Francis Obikwelu é repleta de dificuldades: fugiu da Nigéria aos 16 anos, trabalhou na construção civil como ilegal em Portugal e chegou mesmo a viver numa barraca. Fez-se português e, mais tarde, campeão. Sem conseguir recusar um desafio, o atleta de 44 anos aceitou participar no Hell’s Kitchen Famosos.

Infelizmente, o episódio deste domingo, dia 29 de outubro, ditou a sua eliminação, uma decisão que deixou Ljubomir Stanisic e o ex-velocista em lágrimas. “És o maior exemplo de humildade que eu já conheci. Custou-me tanto este dia, nem imaginas”, afirmou o chef da cozinha mais temível do país.

Em conversa com o site do Fama Show, Obikwelu fez um balanço sobre a experiência no programa da SIC, nomeadamente o detalhe emocionante sobre um prato que confecionou, a admiração por Ljubomir e o esclarecimento sobre as notícias de que teria desmaiado.

Não é um simples prato: a homenagem ao pai

Um dos momentos mais emotivos da noite da estreia foi protagonizado pelo treinador, que não conseguiu controlar as lágrimas depois de confecionar um prato que cheira a casa: arroz com tomate, garoupa e banana-pão.

Agora, contou-nos que foi uma homenagem ao pai, Victor Obikwelu, que morreu em 2019. Este tipo de prato que fiz foi para ele, ele gostava muito desta comida. Tenho saudades. Emocionou-me”, afirma.

Muitos reconhecem o seu valor no desporto, mas desconhecem o seu talento na cozinha. “Adoro cozinhar, cozinho muito bem em casa”, diz. No entanto, deparou-se com alguns desafios durante a sua participação. O mais difícil é conhecer a cozinha porque não é uma cozinha como a nossa, é profissional. É difícil saber os nomes, as máquinas, há coisas que eu nunca vi na minha vida”, explica.

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“Cozinhar não é para todos”

O primeiro dia de serviço na cozinha do Hell’s Kitchen “foi muito difícil”. “Tínhamos 50 pratos para servir. Não conseguimos acompanhar o serviço. Era muita gente. É por isso que dou mérito aos restaurantes. Nós, como clientes, temos que ter paciência porque não é fácil, o cliente tem sempre razão. Foi difícil estarmos num ritmo a que não estamos habituados”, recorda. “Cozinhar não é para todos. Foi desafiante”, afirma.

Houve algumas distrações como levar a cozinha azul, literalmente, a arder. É que o atleta pousou o recipiente do azeite na chapa quente do fogão. No entanto, Obikwelu tenciona aplicar o conhecimento que ganhou com a experiência. “Aprendi muita coisa: formas de fazer carne, de cortar carne, cortar peixe de forma diferente. Agora já posso comprar peixe e faço tudo em casa”, diz.

“Em casa fazemos as coisas de forma mais fácil. Ainda estou a aprender coisas novas. Foi mesmo fantástico, acrescenta.

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Um competidor nato dentro e fora da zona de conforto

Há 19 anos, Francis Obikwelu correu 100 metros em 9,86 segundos nos Jogos Olímpicos de Atenas. O dia 22 de agosto de 2004 ficou para a história ao conquistar a medalha de prata para Portugal. Por isso, questionámos o antigo velocista sobre a pressão nos diferentes ambientes.

“No Hell’s Kicthen é mais difícil. Nos 100 metros eu sou uma pessoa muito tranquila, não há stress, não há pressão. Lá [na cozinha de Ljubomir] fazes tudo contra o tempo, ou seja, quando dizem uma hora é uma hora, não há nada a fazer. Na competição não tens falta de tempo, pois tens tempo para aquecer, para preparar”, explica.

“A pressão é muito elevada, mas consegui aguentar. Gosto de coisas muito difíceis”, refere.

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“Criámos uma amizade como uma família

Assim como Obikwelu, também Ljubmir Stanisic tem uma história de vida pautada por episódios marcantes e talvez por isso o vice-campeão olímpico se reveja na atitude vincada do chef. “É uma pessoa de quem eu gosto muito, lutou por tudo o que tem, passou mal na vida, mas conseguiu o objetivo dele, diz.

Tem aquela forma de ser, gosta de gritar, levar tudo à frente, mas no final de contas é a atitude que faz uma pessoa ser melhor. Independentemente da nossa área, se não mantivermos o foco, torna-se mais difícil. Para ele tudo é fácil. Porquê? Porque ele tem atitude e foco. É uma forma com a qual eu gosto de trabalhar. Sem isso, não consigo atingir o meu objetivo”, continua.

Sobre os seus colegas no programa da SIC, o atleta só tem boas coisas a dizer. “Somos amigos. No meu grupo, no primeiro dia, já conhecia quase todas [as pessoas]. As restantes conheci lá. Independentemente de quem sai e quem fica, criámos uma amizade como uma família. Foi fantástico”, conta.

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Desmaiou ao entregar a jaleca? O esclarecimento

Vários meios de comunicação social escreveram que Francis Obikwelu desmaiou após Ljubomir ter anunciado que era ele a abandonar a cozinha do ‘Hell’s Kitchen’. Uma fonte acrescentou à TV Mais, revista que avançou com a notícia, que terá sido “prontamente assistido por profissionais de saúde presentes no estúdio”.

Porém, o treinador desmente. “Não sei o porquê da palavra desmaiou. Não sei porque é que ela saiu. Não aconteceu nada. Houve pressão, mas desmaiar, não desmaiei, esclarece.