Bruno Nogueira assinou um texto na Sábado que está dar que falar e que rapidamente se tornou viral no Twitter, na passada sexta-feira, dia 20. O humorista aponta o dedo aos pais que exploram a imagem dos filhos, muitas vezes por motivos financeiros, criticando os seus comportamentos, as razões que apontam como defesa e as suas consequências para a criança.
“Os pais, sempre os pais, a ficarem deslumbrados com a pornografia que é usar os filhos, ela é tão bonita que tenho de partilhar com o mundo, não aguento ter esta cara laroca só para mim, a venderem a criança a fazer tudo, a tentar ser criança“, explica, notando que as ‘hashtags’ das marcas parecem falar mais alto.
“Olha que lindo ele a comer a primeira papa desta marca, olha que amor ele a sair da escola com aquela roupa, olha ele a fazer uma birra, que menino feio, não come a massa toda, e o número de seguidores a subir; que já se sabe que o que interessa é seguidores, a privacidade e o anonimato das crianças que se lixe, desde que uma marca de roupa ou de cremes, ou do cara*** que os fo** a todos venha esguichar dinheiro“, indica o humorista.
“Ai, é para pagar a escola do menino”
Muitos influencers já apontaram publicamente que a exposição dos seus filhos nas redes sociais permite pagar a sua educação e que alguns até não se importam de ‘aparecer’ ou que vão agradecer mais tarde. Bruno Nogueira deita tudo isso por terra.
“Ai, é para pagar a escola do menino, ai é para ele viajar comigo, ai ele ainda me vai agradecer, então não vai, durmam com a desculpa que quiserem, a criança não pediu parcerias, só tem aquilo que vocês lhe derem, se derem uma escola pública é na escola pública que está bem, ao menos não anda na rua com dedos a apontarem para ele, e conversas em surdina (…)
A pobre da criança já a ter que ser pública quando ainda nem sequer sabe ser privada, nem vai saber, porque a auto-estima dos pais precisa de seguidores, e de mensagens calorosas a dizer “a sua filha é tão bonita, que sorte que você tem, adoro vê-la, mostre mais vezes (…) a venderem a criança a fazer tudo, a tentar ser criança, a não perceber porque é que a mãe tem cara de iPhone, não tem dois olhos como as outras, tem uma lente e um flash sempre a olhar para ela, porque é que a minha mãe não me abraça com dois braços?“, escreve no texto no título, escrito sob a forma de hashtag, #venderainfâncianoinstagram.
“Já perdi amigos com esta me***”
Bruno Nogueira refuta ainda a ideia de que ‘o meu filho até gosta de aparecer’, já que muitas crianças aprendem a gostar de outras coisas, novas e diferentes, que os pais lhes apresentem e que menores mudam gostos e também são influenciáveis.
“Ela [a criança] nasceu dos vossos corpos, mas não é vossa. O máximo que podem fazer é dar amor e não estragar, porque daqui a uns anos é para devolver ao mundo. Mas até lá, quem é que as protege do Instagram dos pais? Onde é que estão os adultos para tomarem conta destes adultos? Não há parceria que pague vender uma infância em stories.
“Já perdi amigos com esta me***, para que saibam. Amigos e amigas que eu vejo espetarem o focinho da criança a tomar banho, crianças que pedem para a mãe parar de filmar e mesmo assim a mãe põe nas redes sociais, porque os seguidores estão com fome, e a menina que se aguente”, afirma, notando o deslumbramento dos pais.