“Pela primeira vez hoje senti na pele o que é o preconceito, o desrespeito pelo ser humano!”. Foi assim que Andreia Paes de Vasconcellos começou o relato que está a ser amplamente partilhado nas redes sociais. A influencer, com mais de 75 mil seguidores, fez sérias acusações contra a IKEA Portugal, que já reagiu. Já lá iremos.
O episódio aconteceu quando Andreia quis deixar o filho, Tomás, de nove anos, num espaço reservado para crianças, o Småland, enquanto fazia as compras. “Preenchi o questionário e uma das perguntas era se a criança tinha necessidades especiais, ainda hesitei em meter sim ou não. Mas por uma questão moral meti que sim”, explicou. O menino nasceu com Trissomia 21 (Síndrome de Down).
“Quando fui para o deixar disseram-me que estava completo, e que tinha que esperar, por alguma criança que saísse. Compreendi, e no segundo a seguir apareceu uma mãe para ir buscar o seu filho.
E eu disse à senhora Elsa, que já podia, pois ao sair uma criança já dava para entrar o meu filho. Simples! Mas não… Foi vedada a sua entrada. Perguntei o motivo, ao qual me responderam que era por ter necessidades especiais. Fiquei em choque! Como assim? ‘Precisamos de mais uma funcionária aqui dentro para lhe dar apoio’. Voltei a não perceber e perguntei-lhe se não estava a ver ali uma criança igual às outras. Disse-lhe que o meu filho não precisava de supervisão extra, que era funcional, autónomo. Alegou que eram regras. E eu pergunto onde está o pensamento crítico das pessoas? Onde mora a empatia?”, recordou.
“Aquela funcionária disse não ao meu filho, olhos nos olhos! Disse-lhe ainda que se eu não o tivesse mencionado, ele tinha entrado. E isto para mim é tudo menos inclusão! É exclusão! Não se olha para a criança, faz-se rótulos! Tem NEE (Necessidades Educativas Especiais) então não é capaz, dá trabalho… Então vale mais não incluir! Nem se quer ouvir a mãe, que conhece o seu filho como ninguém! Gostava de saber o que é que o meu filho tem a menos que uma criança sem NEE mas que entre ali e revire tudo à sua volta. Isto é falta de informação! Pois bem, este é o Tomás, fiz questão de ir à responsável de loja apresentá-lo. O Tomás é o Tomás! E ao recusarem a sua entrada, é como se me tivessem recusado a mim! Lamento muito IKEA por vocês por não darem espaço a todas as crianças”, rematou.
“Esforçamo-nos, todos os dias, por promover um ambiente inclusivo e diverso“
Também através das redes sociais, a IKEA Portugal emitiu uma nota em resposta à acusação de Andreia: “Na IKEA esforçamo-nos, todos os dias, por promover um ambiente inclusivo e diverso – em que há lugar para todos. E temos muito orgulho no que defendemos enquanto marca e nas pessoas que todos os dias trabalham para tornar os nossos valores realidade”, afirmou a empresa.
“Especificamente no nosso espaço infantil Småland, queremos sempre garantir a segurança, bem-estar e diversão das crianças que nos são confiadas. Levamos esta questão muito a sério. Quando uma criança é identificada – pelos seus pais ou encarregados de educação – como tendo necessidades especiais, agimos da forma mais responsável possível, de acordo com regras internas específicas, para que estas se possam divertir de forma segura e vigiada“, continuou.
“Na situação ocorrida na IKEA Loures, foi indicado à cliente que deveria aguardar, nunca tendo sido negado o acesso ao espaço. Qualquer acontecimento relatado pelos nossos clientes que ponha em causa os nossos princípios e valores, é imediatamente analisado numa perspetiva de proteção dos nossos clientes e da integridade, privacidade e imagem dos nossos colaboradores. Estamos sempre disponíveis para o diálogo, e para esclarecer esta situação em particular, mantendo o compromisso de dar o nosso melhor todos os dias, para que a nossa casa seja a casa de todos”, rematou.
“Houve muita falta de sensibilidade e, acima de tudo, de inclusão“
Perante a resposta da IKEA Portugal, Andreia Paes de Vasconcellos fez uma série de vídeos a esclarecer alguns pontos “para não haver mal entendidos”: “O meu filho sempre esteve nestes parques, já tinha utilizado inclusive o do IKEA, mas se calhar eu não tinha dito que ele tinha necessidades especiais (…) Se aceitam crianças com necessidades especiais, a IKEA não sabe quando essa criança chega, têm de ter logo uma resposta para dar à criança. Aqui a questão não está tanto na funcionária, que não foi empática, é um facto”, disse.
“Houve muita falta de sensibilidade e, acima de tudo, de inclusão. Aceitam crianças com necessidade especial, mas depois não aceitam porque não há uma pessoa para controlar. Espero que situações destas não aconteçam mais e que sejam reformuladas”, sublinhou. Veja o vídeo na íntegra abaixo:
