Viajar sozinha enquanto mulher pode ser uma tarefa muito desafiante. É também um misto de emoções pois a sensação de liberdade não é completa: o medo faz com que a atenção seja redobrada. “Eu vou com medo, mas vou”. Esta foi uma das frases que Marisa Liz disse no podcast ‘Não Fica Bem Falar De…’.
Questionada por Jessica Athayde sobre os “mecanismos que usa para se defender destes pensamentos”, a cantora falou sobre “viajar sozinha e não parar”. “Eu não paro, quando tenho medo eu vou. Sempre tive isto desde miúda porque eu não vejo outra opção. Acho que recolhermo-nos com medo não vamos alterar”, afirmou.
“Nas viagens que faço sozinha, eu vou em ataques de pânico. Chego ao aeroporto e choro e penso ‘o que é que eu estou a fazer? porque é que estou a fazer isto?’. Eu não vou numa de ‘apetece-me mesmo ir para o meio do nada, sem ninguém que eu conheça, num mundo que trata tão bem as mulheres’ e pôr-me numa situação em que toda a gente diz ‘tu és passada, vais para um país que tem um grau de violações…’. Nós não podemos parar. Eu vou com medo, mas eu vou”, explicou.
Marisa Liz recorda: “Fui logo despedida, estive lá quatro dias”
“Obviamente tendo a minha intuição em alarme total e apuradissíma. Tenho cuidados e sou responsável. Há coisas que podem acontecer no outro lado do mundo como podem acontecer quando eu sair daqui [do podcast], mas obviamente que há situações mais perigosas do que outras, onde a probabilidade é maior”, acrescentou.
Já sobre a possibilidade de um dia a filha, Beatriz Dias, de 16 anos, querer viajar sozinha, Marisa Liz deixou claro: “Quando ela me disser ‘mãe, eu vou sozinha não sei para onde’, eu vou deixá-la ir, mas eu vou ter três ataques cardíacos enquanto acontece e é isso que todos gostávamos que não fosse necessário, que a minha filha pudesse ir tranquilamente viajar e eu conseguisse dormir. A Bea tem 16 anos e está a chegar a uma fase em que essa liberdade está cada vez mais próxima e o mundo não é bom para nós, e principalmente para as mulheres é aflitivo”, disse.