Sofreu bullying e, aos 12 anos, tomou decisão. Diogo Infante conta: “Comecei a controlar-me”

“Tomei consciência de que algo em mim não correspondia a um padrão”, disse o ator. Saiba do que se trata!

Reprodução Instagram, DR
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Diogo Infante revelou recentemente que foi vítima de bullying por ter “voz aguda e trejeitos mais femininos”, desenvolvidos por ter sido educado por duas mulheres, a mãe e a avó. Por isso, aos 12 anos, decidiu “reeducar-se”.

No podcast ‘Um Homem Não Chora’, do Público, o ator abordou estereótipos de masculinidade na sociedade e contou como decidiu mudar certos aspetos tradicionalmente associados ao sexo feminino. Tomei consciência de que algo em mim não correspondia a um padrão. Incomodava-me enquanto pré-adolescente, enquanto alguém que tinha sido educado a estar bem na sua pele, ter uma voz, a emitir uma opinião constantemente”, disse.

“Quando vou para a escola, para as atividades extracurriculares, e começo a sentir umas bocas, uma coisa que de alguma maneira me magoava e eu não percebia muito bem porquê, rapidamente percebi que algo em mim saía fora do baralho. Como sou muito atento e observador, comecei a tentar perceber o que era e demorei algum tempo porque as insinuações tinham a ver com os gestos sociais, comportamentos, e eu percebi que tinham um efeito feminino”, relembrou.

“Pensei ‘não é isso que eu quero ser nem é isso que eu quero passar’ e rapidamente comecei a controlar, a vigiar-me. Terei perdido alguma espontaneidade talvez, uma capacidade de me deixar levar num determinado ambiente. Ainda hoje, se estou muito muito à vontade, a minha voz sobe. Perdi a liberdade de ser eu próprio com as minhas circunstâncias, mas a verdade é que eu quis alterar essas circunstâncias”, continuou.

Diogo Infante recorda: “Pensei ‘se me acontecer alguma coisa, o Filipe fica desprotegido’”

“Tenho-me em conta como um ser bastante masculino, muito ativo, muito físico, com uma série de características que se associam normalmente aos rapazes e, portanto, não queria que esse outro aspeto meu, esse lado mais feminino, me definisse num primeiro momento, num julgamento prévio. Comecei a vigiar-me, a controlar-me, e acho que foi aí que me tornei ator. Comecei a construir uma persona em função dos meus interlocutores”, acrescentou.

Por fim, Diogo Infante quis deixar um esclarecimento. “Apenas corrigi, alterei, manipulei aspetos exteriores, visíveis, da minha personalidade. A essência não mudou, a minha capacidade de chorar, de gostar, de me implicar emocionalmente manteve-se. Isso não foi adulterado felizmente. Eu apenas aprendi a condicionar a maneira como me projetava: ser mais masculino no gesto se isso causava um determinado desconforto aos outros e em mim. É preciso que se entenda que eu não queria passar isso. Estava a reproduzir um padrão. Mesmo que houvesse em mim uma essência mais feminina, naquela altura não a queria. Claro que isso mais tarde confunde-se com a sexualidade e acho que são coisas distintas”, explicou.