“Ter uma cara bonita não chega, há que ter talento”. Estas foram as palavras de Lourenço Ortigão numa entrevista em 2014. Agora, nove anos depois, é notório que talento não lhe falta: é um dos atores mais reconhecidos da sua geração. Mas as qualidades vão além da representação, pois na cozinha também se destaca.
Este domingo, 10 de dezembro, decorreu a final do Hell’s Kitchen Famosos e o “menino de ouro” da SIC foi o grande vencedor. Ljubomir Stanisic elogiou a prestação do ator: “Foste de uma consistência impressionante e saíste sempre da tua zona de conforto. Nunca te vi com medo. Arriscaste em pratos que nunca tinhas feito. A tua vontade de vencer, de estares à frente, é impressionante. Estavas sempre muito pragmático, mas sempre certeiro”, afirmou o chef mais temível do país.
Em conversa com o site do Fama Show, Lourenço Ortigão revela como foi conciliar as gravações do programa com a vida pessoal, uma vez que estava prestes a ser pai pela primeira vez. O ator também confessa que é competitivo, que “gosta de ganhar”, e conta que o abordam na rua para pedir as receitas.
“Havia sempre o risco do bebé nascer e eu ter que desistir”
O convite para participar na cozinha infernal veio na “altura certa”. O motivo é simples: “Estava numa fase em que não podia fazer projetos muito longos, o bebé estava quase para nascer“, explica. Mas não só: “É uma área que me interessa e havia amigos meus que eu também queria ter por perto. Foi um conjunto de fatores”, acrescenta.
“Foi duro porque havia sempre o risco do bebé nascer e eu ter que desistir do programa, mas acabei por assumir esse risco, sempre com a ressalva que, se o bebé nascesse, tinha que sair do programa a meio“, conta.
O pequeno Vicente Blue, fruto da relação do ator com Kelly Bailey, nasceu no dia 9 de julho. “Consegui fazer o programa até ao fim, mas ao mesmo tempo com algum nervosismo porque aquilo era muito exigente. Chegava a casa cansado e a Kelly estava a precisar do meu apoio. Portanto, foi uma gestão um bocado complicada, mas acabou por se conseguir fazer e correu tudo bem”, recorda.
Além de cansativa, também foi uma experiência desafiante. Lourenço deu como exemplo “servir 60 clientes em ritmo de cozinha e sem saber o menu. Aquilo mudava de um momento para o outro”. “O programa passa de semana a semana, mas nós gravávamos de dois em dois dias, e não sabíamos genuinamente o que era o menu que íamos servir”, esclarece.
“Tenho gosto pela cozinha. Não tenho mais experiência que os outros, mas tenho gosto por aquilo que faço e acho que isso ajuda sempre. Quando era a parte criativa, em que era preciso improvisar, eu tinha ali uma capacidade de ir buscar coisas que já fiz porque eu sou um explorador na cozinha. Ia buscar às minhas memórias coisas que eu já tinha tentado fazer em casa”, explica.
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Pratos fazem sucesso dentro e fora do ecrã
O espírito equipa também ajudou. “Cada um tem a sua personalidade, mas acho que estavam todos ali a dar o máximo. Estavam a viver o programa, a querer genuinamente melhorar, e vê-se a evolução de todos os concorrentes. É mais divertido trabalhar quando queremos todos o mesmo“, afirma.
Fora do programa, a vida também acontece e Lourenço Ortigão é abordado na rua. “Perguntam-me pelos pratos, vivem aquilo quase como uma novela. Acho piada. Pedem-me as receitas”, conta, referindo que o petisco que apresentou no programa para um dia de futebol não conquistou só o chef. “As pessoas na rua disseram ‘dê-me lá a receita da francesinha'”, relembra.
Mas houve um prato em específico que ficou marcado: o final. “Fiz um risoto nero com carabineiro. Fizeram uma surpresa a cada um dos concorrentes, no meu caso foi a minha mãe [Carolina Ortigão], e deu-me gozo fazer aquele prato. Correu bem, acho que foi o meu melhor prato“, diz.
“Tem aquele ar de durão, mas é um coração de manteiga“
Assim como já referiu na ‘Casa Feliz’, da SIC, Lourenço Ortigão garante que a ‘discussão’ com Ljubomir Stanisic “não foi nada”. “As coisas extrapolam. Foi um momento que acontece, passou logo e depois, um segundo depois lá fora, já nos estávamos a rir os dois. Quantos momentos tensos houve dentro da cozinha. Não aconteceu absolutamente nada. Nesse dia acho que até fomos jantar fora”, esclarece.
Aliás, a amizade que mantém com o temível chef só cresceu. “Éramos amigos, agora somos ainda mais. Ele é uma pessoa incrível, um coração de manteiga. Tem aquele ar de durão, mas é muito boa pessoa e amigo do amigo. Tem uma dose q.b. de loucura, que acho que faz dele aquilo que ele é e é por isso que gostamos todos muito dele”, sublinha.
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Apesar de estar entre amigos, o ator admite que também tinha um objetivo. “Sou competitivo. Não posso mentir, gosto de ganhar. Se ganhasse outra pessoa não ia ficar triste, mas fico feliz por ter sido eu. Se estava ou não à espera, acho que sim, pelo menos tentei fazer o melhor para isso”, confessa. Recorde-se que Lourenço foi ao duelo final com Ana Marta Ferreira.
“Diverti-me muito. Foi mesmo uma fase importante em que ia ser pai e todas as semanas não sabia se podia fazer o programa a seguir por causa do bebé, que estava para nascer. No final de contas, foi uma experiência maravilhosa, que até gostava de repetir“, revela.
O feedback da família também é importante: “Dizem ‘nunca me fizeste aquela receita’, estão sempre a dizer isso. Por isso, é bom sinal. Quer dizer que gostaram de me ver”, conta. Já Lourenço Ortigão não se arrependa de nada do que fez no programa, mas sente que poderia ter sido “um bocadinho mais descontraído”.
“Como gosto de fazer as coisas a sério, tenho um bocado dificuldade em brincar, e eu ali assumi uma postura um bocado mais séria. Olhando para trás sei que as pessoas me veem como alguém competitivo. Adorei o que fiz, a experiência foi boa, tanto que ganhei. No entanto, vendo de fora, achei-me uma pessoa mais competitiva do que pensava”, remata.
E o que ganhou Lourenço Ortigão? “Uma experiência”, como referiu o chef Ljubomir Stanisic. É importante referir que o prémio final será doado à ‘Comunidade Vida e Paz‘, uma organização social que ajuda pessoas em situação de sem-abrigo.