Em lágrimas, Luís Lourenço recorda a morte do pai e desabafa: “Fui o único que perdeu tudo”

O ator esteve no programa ‘Alta Definição’ e concedeu uma entrevista única a Daniel Oliveira.

Em lágrimas, Luís Lourenço recorda a morte do pai e desabafa: “Fui o único que perdeu tudo”

Famosos

Luís Lourenço é um dos participantes do programa Hell’s Kitchen Famosos e emocionou todos quando recordou a morte do seu pai no formato da SIC.

“Eu já fui forçado a ter um restaurante, fui forçado a ser cozinheiro desse mesmo restaurante […] O meu pai e a minha mãe tinham um restaurante que era de família […] e na verdade o meu pai acabou por se suicidar dentro do restaurante”, contou.

Entretanto, este sábado, 11 de novembro, o ator foi o entrevistado do programa Alta Definição e lembrou quando o progenitor colocou termo à vida, em maio de 2011.

Esta situação foi muito complicada, eu fui muito atacado na altura, até por família. Eu era muito amigo do meu pai e ele era um homem muito positivo e quando as coisas saíram do controlo foi o desespero que o assolou naquele momento”, começou por dizer.

A forma como eu encarei foi: ‘Ele fez aquilo e eu não posso ceder perante a família toda, vou ter de tomar uma atitude’. Fui muito pragmático, nunca fiz o luto […] Pus tudo em causa, acabou a minha carreira por causa daquela atitude que ele tomou. E a verdade é que ele tomou aquela atitude por uma atitude minha. Vim do programa [‘Perdidos na Tribo’] e decidiu ficar com o restaurante porque aquilo não estava a ir por um bom caminho”, explicou, em seguida.

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Estava tudo mal, nós tínhamos uma casa, tinha uma hipoteca, essa hipoteca estava associada ao restaurante e se o restaurante continuasse no mau caminho, a minha mãe perdia a casa […] Então, o meu pensamento foi: ‘Vou pegar nisto porque a minha mãe não vai ficar sem casa, não pode ficar, referiu.

“Ele ligou-me, mas eu não atendi”

Durante a conversa com Daniel Oliveira, Luís Lourenço lembrou ainda que o pai já tinha tentado tirar a própria vida meses antes. Ele ligou-me na passagem de ano de 2010 para 2011 e eu não atendi porque eu estava chateado, recordou.

Na altura, os meus mais já estavam separados e eu não tinha ninguém. Então ele ligou-me, mas eu não atendi. A minha mãe disse-me depois, quando ele fez o que fez em maio, que ele tinha ligado para ela a dizer que se eu tivesse atendido, ele tinha morrido”, explicou ainda, em lágrimas.

“A minha vida ficou virada do avesso”

Eu não fui culpado pela morte dele, mas a verdade é que foi uma atitude minha que fez com que ele fizesse isso. Mas se calhar se ele me ligasse em maio e eu atendesse o telefone, ele ia fazê-lo na mesma. Portanto, ele fez aquilo e eu nunca mais o perdoei até há pouco tempo, referiu, emocionado.

A minha vida ficou virada do avesso, eu trabalhava no restaurante, eu dormia na porta do restaurante […] Chegava ao restaurante às 05h00 da manhã, deixava o peixe, saía da porta, entrava no carro, dormia no carro, saía do carro, ia amanhar o peixe, e e estive um ano nisto. A minha vida foi só isto, foi só o restaurante […] Já se achava que eu tinha desistido da carreira porque eu estava dedicado à restauração. Foi uma fase muito má”, desabafou.

Entretanto, mais deu uma década depois, Luís Lourenço assume ter perdoado o pai.

Eu disse: ‘Só o vou perdoar no dia em que a minha vida der uma volta’. Eu fui o único que perdeu tudo. Eu perdi todo o dinheiro que tinha, na altura perdi a minha namorada, perdi o trabalho todo que tinha projetado, fui convidado a meio do processo para uma produção e tive de dizer ‘não’ porque estava enfiado numa cozinha a amanhar peixe”, confidenciou.

Eu perdoei porque a vida deu uma volta, de facto. Eu disse: ‘Acho que está na altura de ir lá’ e fui ao cemitério dizer que está tudo bem. Não quer dizer que a acredite ou não, mas achei que era um gesto a fazer”, completou.

Linhas de apoio emocional e de prevenção do suicídio

Linha SNS24 (disponível 24h todos os dias)
808 24 24 24

Voz de apoio (21h-00h)
22 550 60 70

SOS Estudante (22h – 1h)
23 948 40 20/ 91 524 60 60/ 96 955 45 45

Telefone da Amizade (16h-23h)
22 832 35 35

Conversa Amiga (15h-22h)
808 237 237/ 210 027 159

SOS Voz Amiga (15h30-00h30)
21 354 45 45/ 91 280 26 69/ 96 352 46 60