Melania Gomes assumiu, em março deste ano, que foi vítima de abusos sexuais na infância. A atriz tinha entre 5 a 7 anos e os abusos aconteceram durante umas férias em casa de um familiar.
Agora, em conversa com Júlia Pinheiro, Melania – que foi a escolhida para abandonar o ‘Hell’s Kitchen Famosos’, da SIC, no domingo – falou sobre estas memórias dolorosas. “Todas as aproximações, tentativas e circunstâncias era sempre sozinha. Faz parte do perfil do abusador procurar quando a criança está sozinha e de uma forma lúdica e até brincalhona, aparentemente inocente, elogiar e empoderá-la”, afirmou.
“Eu não percebia nada do que se estava a passar (…) Tinha que me proteger, tinha que fazer um telefonema numa altura adequada, em que a pessoa não estivesse em casa, sei lá o que podia acontecer. Pedi para telefonarem porque eu não podia mexer no telefone, a minha mãe achou estranho e foi imediatamente buscar-me”, relembrou.
No entanto, a atriz só contou à mãe quando já estava em casa. Mas nada foi feito. “A minha mãe foi mãe muito jovem, a minha tia mais velha era a matriarca, criou uma data de crianças e nós vivíamos na casa dela. Havia um respeito e confiança e o conselho dela era para a minha mãe não fazer nada…“, explicou.
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Melania cruzava-se com a pessoa que a abusou “todos os anos” em eventos de família. “Nunca voltei a estar sozinha, nunca me voltei a sentir ameaçada, nem nunca voltei a estar em perigo. Eu acho que essa pessoa percebeu que escolheu mal a criança e se tentasse uma nova aproximação iria ser descoberta”, disse.
Questionada por Júlia Pinheiro se houve outras vítimas, a atriz respondeu: “Tenho a certeza absoluta, muitas outras crianças ao longo da vida. Hoje, se eu soubesse o que sei, com ele vivo, tinha rebentado a bolha para a família, por uma questão de ser uma pessoa que pode fazer e faz de novo”, garantiu.
Quando começou a ter flashes do que lhe tinha acontecido, que coincidiu com o processo Casa Pia e um namoro abuso aos 18 anos, Melania procurou saber mais e as tias pediram-lhe desculpa. Houve também uns desenhos que tinha feito da infância e são perturbadores: “Estava um órgão sexual masculino em mim, que eu desenhei”, afirmou.
“Mesmo aquelas crianças que não pedem com palavras ou aquelas em que ninguém acredita, outras pedem ajuda com desenhos, com maus comportamentos, com coisas que as pessoas pensam que são birras. São pedidos de ajuda. Tem que haver muito diálogo, prevenção, validação”, destacou.