Filipa Nascimento recorreu às redes sociais para revelar uma notícia trágica. A prima da atriz, Joana, morreu aos 26 anos. A jovem foi esfaqueada no Algarve, à saída de casa, pelo ex-namorado. Filipa Nascimento exprimiu a sua revolta.
“Tinha uma vida pela frente, sonhos por concretizar, família por ver crescer, objetivos por alcançar. Que as Joanas deste mundo sejam ouvidas, protegidas e honradas”, começou por dizer.
“O inferno e a dor pela qual estamos a passar ninguém nos tira, mas alivia saber que a justiça será feita. Pelo menos assim o espero”, disse, ainda em choque.
“Foi o homicida que está fugido. Aquele que ela já tinha feito inúmeras queixas“
A atriz partilhou um texto de Francisca de Magalhães Barros, ativista pelos direitos das mulheres e das crianças, que falou do caso de Joana.
“A Joana morreu hoje com uma infeção na traqueia mas não foi isso que a matou”, escreveu. Em seguida, prosseguiu: “Foi o homicida que está fugido. Aquele que ela já tinha feito inúmeras queixas. A Joana tinha 26 anos, será que preciso de repetir? Ela não morreu por uma infeção. A Joana morreu esfaqueada. Ele fugiu. Ou escondeu-se”.
O ex-companheiro entregou-se depois às autoridades com uma advogada. “Ninguém protegeu a Joana. A Joana era educadora de infância. Ela era. A Joana não é, porque alguém lhe roubou essa possibilidade entre o verbo presente e passado está um homicida cheio de direitos.
Entre o verbo presente e o verbo passado está uma mulher que se poderia ainda chamar Joana, que os seus pedidos de ajuda podiam ter sido atendidos e onde as medidas de proteção não continuavam a ser patéticas
“Nesse poderia estaria um país preocupado em proteger as suas mulheres. No pode está um país que se contenta com botões de pânico, penas suspensas e mulheres que lutam para se manter vivas, isto é quando no presente são brutalmente mortas”.
Filipa Nascimento (Reprodução Instagram)
“Já não está cá para se defender”
A ativista fala de uma família destroçada e de amigos que exigem justiça, notando que a violência doméstica não é levada a sério em Portugal.
“(…) É preciso ser morta uma e outra vez, para estes indivíduos terem lugar privilegiado nas prisões portuguesas. Olhem afinal o indivíduo apresentou-se na esquadra com uma advogada depois de fugir, mas a Joana já não está cá para se defender. A defesa é toda dele. Ainda vai conseguir ver o nascer do sol. A verdade é #somostodasjoanas. Senão na sorte de hoje no azar de amanhã”, terminou.
De acordo com o Correio da Manhã, Joana Nascimento morreu na sexta-feira passada depois de ter sido esfaqueada no pescoço ao sair de casa, em Lagoa. Terá conseguido fugir do local e pedir ajuda. Foi assistida no hospital e teve alta, mas sentiu-se mal e acabou por ter que ir de helicóptero para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Caso tenha conhecimento de uma situação de violência doméstica pode procurar ajuda junto dos seguintes contactos:
APAV – 116 006
SOS Criança – 116 111
SOS Mulher – 808 200 175
SOS Voz Amiga – 800 209 899
SOS Voz Adolescente – 800 202 484
UMAR – Centro de Cultura e Intervenção Feminista – 218 873 005