Saúl Ricardo admite que pensou em suicídio e acusa os pais de abandono: “Até hoje estou à espera de uma resposta”

“Não me abandonaram só a mim, mas cinco filhos”, afirmou o cantor.

(Reprodução Instagram, DR)
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Saúl Ricardo foi o entrevistado do programa Alta Definição, este sábado, 3 de junho. Numa conversa intimista com Daniel Oliveira, o cantor lembrou o início promissor da sua carreira, ainda em criança, e falou, inevitavelmente, sobre o desentendimento com os pais, que acusou de terem gastado todo o dinheiro que juntou desde a infância.

“Eram os meus pais que geriam todo o dinheiro e todos os imóveis […] Não tinha acesso direto ao dinheiro. A minha mãe era a minha empresária e o meu pai tratava de todo o material de som e afins, na altura […] Estamos a falar dos anos 1995 e 1996, e eram mais ou menos 600, 700 contos por espetáculo…Às vezes quatro vezes por dia, 280 dias por ano. Foram três anos assim […] O merchandising era todo nosso também. Estás a ver o dinheiro que envolvia, CDs, t-shirts. Naquela altura não se vendiam menos de 600 CDs por festa e ainda cerca de 1500 cassetes. Tudo isso contribuía para o bolo final”, começou por contar.

No entanto, aos 18 anos, Saúl Ricardo percebeu que algo não estava bem. “Fui ao banco para levantar dinheiro e tinha 14,50 euros na minha conta bancária. Eu não fui ao balcão, fui atualizar somente a caderneta. Eu fiquei com tanta vergonha que saí do banco e pensei: ‘Não pode ser, alguma coisa está errada’”, referiu, lembrando que naquela altura a sua mãe não se encontrava no país.

Eu quando falo nisto, não falo só por causa do valor ou do património que perdi [… ] A mim não me interessa o dinheiro que foi gasto, não me interessam os imóveis que foram perdidos, não me interessa a vida que foi perdida. Só me interessa uma coisa: o abandono dos filhos pelos pais. É isso que me dói, o abandono em si. Não me abandonaram só a mim, mas cinco filhos. O abandono dói-me mais do que qualquer valor”, sublinhou.

Eu queria uma explicação para o que se tinha passado, saber o porquê de terem feito aquilo. Falo também pelos meus irmãos. Podíamos estar todos bem hoje em dia. Tanto trabalho, tanto suor, podíamos estar todos bem, não precisávamos de passar por isto. Até hoje estou à espera da resposta”, frisou.

O que me doeu mais não foi o que aconteceu antes, foi o pós. Foi muito grave, o que fizeram não se faz a um filho. Posso dizer que é muito doloroso […] Sente-se um vazio completo. Tens ali as duas pessoas que tu amas desde a nascença, a tua rede de segurança e foram os primeiros que te falharam”, notou.

Perante tudo o que aconteceu, o cantor admitiu ter pensado em colocar termo à própria vida.Pensei fazer uma coisa que é impensável, pensei no suicídio, na altura. Quem passa pelo mesmo que peça ajuda. Eu tive a ajuda da minha mulher, que na altura era uma rapariga de 16 anos. Era uma criança, mas já era muito mulher para a idade que tinha, era muito madura. Tive essa ajuda, se não tivesse poderia não estar aqui, recordou.

Eu não via a luz ao fundo do túnel. A única coisa que eu sabia fazer era cantar, tinha ficado sem rede de segurança. O que ia ser de mim, sem dinheiro, sem nada? Acho que foi a maior queda que eu tive até hoje”, completou, referindo que não fala com os pais há mais de 15 anos.

Linhas de apoio emocional e de prevenção do suicídio

Linha SNS24 (disponível 24h todos os dias)
808 24 24 24

Voz de apoio (21h-00h)
22 550 60 70

SOS Estudante (22h – 1h)
23 948 40 20/ 91 524 60 60/ 96 955 45 45

Telefone da Amizade (16h-23h)
22 832 35 35

Conversa Amiga (15h-22h)
808 237 237/ 210 027 159

SOS Voz Amiga (15h30-00h30)
21 354 45 45/ 91 280 26 69/ 96 352 46 60