Cláudio Ramos tem 45 anos e é uma figura pública e querida do público, mas nem sempre foi assim. Os primeiros tempos na televisão não foram consensuais, mas Cláudio conseguiu dar a volta e mostrar que, afinal, é uma pessoa afetuosa e verdadeira.
Esta quarta-feira, o comentador do ‘Passadeira Vermelha’ esteve à conversa com Júlia Pinheiro no talk show das tardes da SIC onde falou sobre a infância e reviveu os momentos mais difíceis com o pai, uma relação que não foi cor-de-rosa: “Acho que há pessoas que não nascem para ser pais… Acho que a minha mãe nasceu para ser mãe – foi absolutamente extraordinária –, mas o meu pai não nasceu para ser pai. Mas fui eu que entendi desta maneira, os meus irmãos entenderam de uma maneira diferente”, começa por dizer sobre o progenitor.
“A frustração de não conseguir corresponder às expetativas daquilo que ele se calhar queria foi maior e levava-o a fazer isto aos filhos”, diz, referindo-se aos maus tratos sobre os quais já tinha falado publicamente em outras ocasiões. “Eu, por ver tudo isto, nunca consegui nutrir por ele o mais pequeno gesto [de amor]”.
“No dia em que o meu pai morreu foi uma sensação de alívio imensa… pensava ‘ai Deus me perdoe, mas graças a Deus’. Porque, para já ele estava a sofrer com cancro no pulmão (…) e depois porque (…) eu sabia que, enquanto ele cá estivesse, os meus irmãos iam estar sempre preocupados e podia acontecer qualquer coisa e eu não queria que isso acontecesse. Então foi um alívio. Os meus irmãos sofreram – é um pai – e a minha mãe também.”.
A orientação sexual: “Ele achava que isto era uma doença e que podia contaminar os meus irmãos”
Cláudio tinha discutido com o pai 15 dias antes da sua morte, devido à sua orientação sexual: “Ele achava que isto era uma doença… como é que um homem tão esclarecido e inteligente achava que isto era uma doença e que podia contaminar os meus irmãos? Era assim a este nível… (…) Ele tinha um caráter muito severo”.
Cláudio Ramos garante que os episódios mais violentos e severos que viveu na infância não definiram a sua personalidade, nem a dos irmãos. Júlia Pinheiro confirma que o comentador é uma pessoa doce e afetuosa e o autor de ‘Eu, Cláudio’ diz que isso se deve à união familiar: “A minha mãe, todas as noites, acontecesse o que acontecesse, tinha uma palavra, uma oração e uma justificação para aquilo que, aos meus olhos, podia não ter justificação”.
