Rui Maria Pêgo esteve em entrevista com Rita Ferro Rodrigues para o seu projeto online ‘Elefante de Papel’ no dia em que completou 30 anos, a 21 de janeiro. A alcançar uma nova fase da sua vida e a preparar-se para novos desafios, Rui recorda o momento em que contou aos pais que era homossexual, quando tinha 19 anos: “Eu tinha um namorado na altura e nós terminámos e aí acabei por contar aos meus pais. Ninguém preparou nada, não foi do género ‘hoje vou contar e vou pôr este chapéu com uma pena porque o chapéu vai dizer qualquer coisa antes de eu dizer!’”, brinca o apresentador e locutor de rádio. Mais a sério, explica como aconteceu: “Eu andava muito triste, foi o meu primeiro verdadeiro desgosto de amor e a minha mãe estava muito preocupada comigo e um dia sentou-me na sala e perguntou-me se tinha a ver com a minha orientação sexual e eu desmanchei-me a chorar e disse ‘sim, tem’. Os meus pais já estavam cansados de saber, portanto não foi uma coisa súbita. (…) Acho que qualquer coisa assim que é dita, depois tem de ser digerida, tanto por eles como por mim e esse processo durou uns meses, mas depois foi tranquilo”.
Em junho de 2016, após o Massacre de Orlando, Rui Maria Pego decide tornar pública a sua orientação sexual, com um texto emocionado que partilhou nas redes sociais. Na entrevista, explica porque o fez: “Quando tomo a decisão de tornar isso público – embora os meus colegas de trabalho soubessem, embora toda a gente que se cruzasse comigo soubesse e eu brincasse com isso frequentemente – [foi porque] eu sentia-me um hipócrita por não partilhar isso de alguma maneira”.
“Tornar visível é tornar igual e tornar seguro” – foi este o mote que o levou a afirmar-se publicamente. “Uma das coisas que mais me custou [ao longo do processo] foi não ter ninguém a quem me ligar. Eu sei muito bem o que é viver com um segredo e toda a gente que tenha vivido um segredo sabe o quão pesado isso é e o quanto isso nos desfaz em situações absurdas; estás num concerto e isso bate-te, tens a paranoia que te façam mal, vives com uma ansiedade que não é tua, vives com medo de seres descoberto”.
Explica que “tornar seguro” porque “a parte boa da visibilidade é que, não só tu não te escondes, como ajudas a que outros tenham a vontade de o fazer. Não que tenha de ser obrigatório, mas a vida é muito melhor assim”.
De recordar que Rui Maria Pêgo, de 30 anos, é filho da apresentadora de televisão Júlia Pinheiro e do locutor de rádio Rui Pêgo.
Veja também: Rui Maria Pêgo usa kimono cor-de-rosa nos prémios da ILGA