O primeiro episódio de Vidas Suspensas, na SIC, trouxe a público o infortúnio de Francisco d’Eça Leal. Aos 12 anos sofreu o primeiro surto de Esquizofrenia. Aos 21, foi internado no Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos. Na mesma altura, o seu pai foi internado com uma doença terminal.
Durante esse internamento, Francisco fraturou a coluna ao saltar de uma janela: “saí para o telhado e atirei-me cá para baixo”. Duas semanas depois, o pai morre. Mas Paulo-Guilherme D’Eça Leal - o pai - teria, antes de falecer, protegido o filho, como sempre. O artista plástico terá vendido a sua casa de Cabanas de Tavira, por cerca de 2 milhões de euros, para garantir o futuro do filho ou, pelo menos, tentar.
Aos 21 anos o jovem herdou, então, uma pequena fortuna avaliada em mais de um milhão de euros mas, em três anos, terá perdido tudo por amor. Nas palavras de Francisco: “fui pateta, um jovem pateta… fiquei cego por causa do amor”.
Francisco, na altura com 24 anos, casou-se com Elisabete Rodrigues - a mulher que à data tinha 44 anos, mas que lhe terá mentido dizendo ter 34. Hoje, é conhecida como Maria Leal. O ex-casal ter-se-á conhecido por intermédio da antiga babysitter de Francisco e ele, rapidamente, ficou “entusiasmado por ter uma relação depois de ter tido o acidente” que quase o deixou paraplégico.
O que o jovem não sabia é que estaria a assinar aquilo que viria a ser o sumiço de mais de 500 mil euros em dinheiro, três apartamentos - e respetivo recheio - num dos bairros mais caros de Lisboa, e todo o espólio artístico do pai.
- “Ela [Maria Leal] disse-me que era mais seguro para mim se eu me casasse com ela, porque assim não havia o perigo da minha mãe me interditar!” (Francisco) -
Por fragilidade, e/ou amor, Francisco aceitou dar o nó e foi, justamente, a advogada que acompanhou o processo de partilha do património de Paulo-Guilherme d’Eça Leal quem testemunhou o casamento corroborando a tese de Maria Leal sobre a mãe de Francisco.
- “Ela [Maria Leal] disse: agora já sou uma d’Eça Leal!” (Francisco) -
Assim começou o inicio do fim: os apartamentos terão sido vendidos, por insistência e pressa de Maria, por um terço do preço real de mercado. Francisco terá assinado papeis em branco, sem saber que estaria a autorizar tudo o que a mulher quisesse.
A mãe que, da parte de Maria Leal “sentia ali muito carinho e ternura, até demais”, começou a ser afastada do filho. Tudo terá piorado quando foi viver para Lagos, pensando deixar o filho bem entregue à mulher que, supostamente, o amava e que conhecia profundamente a sua vida.
- "Na altura não me queria separar, não queria acabar a nossa relação, então, fazia tudo o que ela me pedia para fazer. Cortei relações com os meus amigos, com a minha mãe." (Francisco) -
Francisco conta ter sido feliz no primeiro ano em que viveu com Maria. Mas, depois, tudo descambou. A mulher isolou-o de tudo e de todos, fê-lo cortar relações com os amigos e com a mãe, ameaçando ir-se embora e deixá-lo entregue à sua própria sorte.
Júlia perdeu o rasto ao filho quando o casal se mudou para um apartamento na Parede, onde Maria Leal já havia morado. Era ela quem tratava do pagamento da renda da casa, assim como era ela quem levantava os 20 euros diários que dava a Francisco para tabaco e café.
A essas contas, somavam-se as compras de luxo de Maria Leal: relógios, joias, roupas, sapatos e gastos em discotecas que todas as semanas totalizavam largas centenas de euros: ao todo, mais de 2000€ por mês, durante 4 anos. Todas as transações eram feitas com o dinheiro da conta de Francisco.
- “Eu não sabia porque não ia verificar as minhas contas. Deixei tudo nas mãos dela.” (Francisco) -
Francisco deu, a Maria Leal, acesso à sua conta bancária, como segunda titular. Os cheques com a sua assinatura multiplicaram-se. Foram abertas duas lojas e contratadas funcionárias a quem terá dito ser jornalista da TVI. Alegadamente, fez Francisco passar por um primo com distúrbios, nunca admitindo ser casada. Em Elvas, terá mantido outros namorados que usufruíram de presentes e dinheiro. Foram compradas ações do Futebol Clube do Porto, e Francisco nem gosta de futebol.
- “Acordei quando fui pesquisar o nome da Maria Leal na internet e descobri que ela andava com o Tiago Ginga da Casa dos Segredos. Foi um choque!” - (Francisco)
A empregada tentou alertar o filho de Paulo-Guilherme d’Eça Leal, mas de nada serviu, até ao dia em que Francisco “acordou” e confrontou Maria sobre o seu romance extraconjugal com Tiago Ginga. Ela terá acabado por confessar.
De um milhão de euros, a Francisco sobrou apenas o apartamento onde cresceu, em Campo de Ourique, e hoje sobrevive sozinho - com apoio da mãe e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, depois de ter chegado a morar numa cave sem luz nem água.
Maria alcançou o estrelato, como sempre quis. Francisco ficou para trás. O processo de divórcio ainda está a decorrer e entregue à justiça está, também, uma queixa-crime contra Maria Leal.