Aos 58 anos, Cristina Caras Lindas tem uma vida cheia. Em televisão diz ter conseguido o que queria. Morou em 54 casas em quatro países diferentes. Numa entrevista intimista, a apresentadora falou do confronto com a morte e da desilusão por parte dos colegas do mundo da televisão.
A apresentadora revelou-se surpreendida em como conseguiu superar as dificuldades da vida. Teve malária cerebral, mais tarde uma gripe A que se alojou nos pulmões e ainda duas bactérias hospitalares. Esteve quatro meses em coma e acordou sem saber falar, andar. Não sabia quem era.
“Lembro-me de acordar do coma e dizer ‘pai, ajuda-me’. Só queria morrer”. “Mudavam-me a fralda. Imaginas o que é isso? Mudarem-me a fralda? Sem privacidade, nada. Não conseguia mexer a mão. Só queria morrer”, confessou.
As costas que se viraram
Hoje só pede saúde e tempo para partilhar ao lado das amigas, das filhas e do neto Santiago. Ainda assim, a apresentadora recorda a desilusão da falta de apoio que teve.
“Ninguém da nossa área me quis ajudar, se preocupou. Está toda gente a ver onde pode tirar sangue. Só o Júlio Isidro, que é um senhor, me perguntou ‘Cristina, o que é que precisas? Vou ajudar-te, não fiques triste’. Da nossa área não houve ninguém (…) e eu tenho ajudado muita gente [da televisão]. Isso dói muito. Perceber que esta gente está toda cheia de si”, revelou emocionada.
Com os tratamentos, Cristina engordou 15 quilos e recorda o tempo em que só se preocupavam com a sua aparência física e não com a sua saúde. “Toda a gente a preocupar-se porque estás gorda e não porque te salvaste”, adiantou.
O preço e a esperança
“Paguei uns juros altos na minha vida. De tudo. De ter conseguido o que consegui na minha carreira”, explica a apresentadora que há muito se vê excluída da televisão.
Acarinhada pelo público, Cristina Caras Lindas apresentou programas na TVI e RTP – “aqui decidiram que eu não trabalharia mais” – mas diz que o afastamento não lhe roubou a dignidade.
“Nunca me vendi, nem me vendo. Fizeram-me propostas que eu não aceitei. Provavelmente, hoje seria diretora de qualquer coisa”, afirmou. Cristina Caras Lindas recordou ainda o tempo mais difícil da sua vida: estar sem trabalho, com duas filhas e mudar-se para Angola com 300 euros.
“Ser mãe é isso. Dás tudo e depois logo se vê”, diz. Nem hoje, nem nunca teve medo do futuro.
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