Margarida Vila-Nova foi a convidada de Daniel Oliveira no programa Alta Definição deste sábado, 3 de março. Com a estreia da 2ª temporada de ‘Paixão’ na segunda-feira, a atriz de 34 anos fala do seu percurso profissional, da energia do Alentejo, dos filhos, do tempo que teima em não parar e do seu maior desejo.
“Sou muito acelerada e faço muitas coisas ao mesmo tempo”, confessa Margarida Vila-Nova. Com as gravações intensas da novela ‘Paixão’, a atriz de 34 anos tenta refugiar-se em Estremoz, Alentejo, sempre que tem oportunidade. É lá que o dia cresce e a noite dorme.
“É onde a minha cabeça consegue parar, onde temos tempo para viver: olhar, respirar, comer, ver os filhos crescer e namorar”, revela a atriz casada com o realizador Ivo Ferreira. Um lugar como este pede um verbo à altura – “alentejanar” – o dia corre sem relógios e telemóveis, ao contrário de Lisboa, “onde acordamos e já estamos atrasados para qualquer coisa”.
Vila-Nova estreou-se na televisão aos nove anos e aos 15 entrou na série ‘Jornalistas’. Quebrou o circuito conservador do cinema português, conquistou o teatro e protagonizou novelas. “Na televisão tive um percurso mais tardio que as minhas colegas, mas hoje só quero trabalhar com quem quiser trabalhar comigo”.
Gosta de uma boa tragédia e talvez por isso as cenas viscerais não lhe dêem descanso. A condição da maternidade deu-lhe mais “bagagem emocional”. Os filhos Martim e Dinis não gostam de ver a mãe “aos beijinhos” na televisão, mas têm consciência da disciplina e das horas que passa fora.
“Sou a única princesa de lá de casa”, diz orgulhosa. “Eles acham sempre que eu faço mais do que é possível”. Ainda em gravações da novela da SIC, Margarida Vila-Nova divide-se entre Macau e Lisboa. Em 2011, a atriz no país a ‘Mercearia Portuguesa’, o seu maior risco.
“Não percebi do risco que estava a correr. As minhas amigas disseram ‘tens muita coragem’. Tinha um contrato, estavam a pagar-me bem, tinha um emprego, estava casada e com filhos. Hoje acho que foi o passo mais arriscado porque poderia ter dado para o torto”, assume.
Diz que os filhos não conhecem outra realidade que não mudar de cidade e de escola. As raízes não crescem no solo, mas no que cultiva das “histórias, memórias e identidade”. É a viajar que Vila-Nova se reencontra e se sente mais bonita – sem maquilhagem.
Entre cá e lá, entre os textos da personagem Maria Luísa e os telefonemas para os fornecedores da loja em Macau, a atriz explica que é “simples viver assim”. No final da maratona que é uma novela, Margarida Vila-Nova vê em setembro uma grande viagem em setembro.
“ A minha vida até pode estar confortável agora, mas temo que daqui a 10 anos possa tudo ser enfadonho. O que é arriscado é não viver”, assumindo que quer conhecer o mundo de mochila às costas. Margarida Vila –Nova é a atriz que se reinventa no risco.