É já no próximo dia 5 de março, que estreia na SIC o programa que marca o regresso de Bruno Nogueira à televisão. Vencedor de um Emmy e sucesso em inúmeros países, Tabu pretende explorar temas que à partida são sensíveis para a sociedade – como a deficiência física – através do humor.
Estas segunda-feira, dia 20, numa sessão dirigida à imprensa, Daniel Oliveira e Bruno Nogueira levantaram um pouco do véu do que aí vem.
“O Bruno consegue elevar esta ideia, que parte do princípio que ninguém está interdito ao humor, não é a diferença física de alguém que impede brincar com essa pessoa. E isso é respeitar a sua diferença. Este programa parte desse pressuposto. Durante uma semana, o Bruno vive com um conjunto de pessoas que tem uma situação de vulnerabilidade ou que vive em alguma condição que é tida como interdita, que brinquemos com ela. Ao ouvir essas pessoas e ao nos apercebermos desses obstáculos, como essas pessoas estão inseridas na sociedade ou não, o Bruno cria um espetáculo de stand up, em que essas pessoas são as protagonistas e estão presentes na sala”, revelou o Diretor Geral de Entretenimento do grupo Impresa.
“O que nós temos aqui é uma experiência social com humor, isto é, nós vamos olhar para a sociedade e para estas pessoas sem tabus, sem reservas, sem limites, diria [….] Acho que é bastante impactante e que vai ser bastante útil para a sociedade a forma como nós nos vamos aperceber de questões que, às vezes, parecem tão simples, mas não são, através do humor. É um género que me parece ser bastante agregador de todos. Portanto, estas pessoas são também protagonistas do programa […] É um programa que nós nos orgulhámos muito de ter na nossa antena. A televisão tem também este papel formador e tem também o papel de impactar a sociedade”, reforçou ainda.
Para Bruno Nogueira este é também um dos projetos mais desafiantes da sua carreira e que lhe despertou interesse por “várias razões”. “Quando o Daniel me desafiou para fazer este programa, eu confesso que houve uma primeira vez em que eu não estava bem seguro. Era uma insegurança minha. Depois quando olhei com um olhar mais descomprometido, percebi que na verdade é um formato que me interessa por várias razões. Uma delas é porque normalmente quando se faz humor sobre alguns temas mais sensíveis, as pessoas que se ofendem não têm muito a ver com o assunto de que se fala. Eu acredito que escolher não fazer humor com certos assuntos é, por si só, uma forma de discriminação. É achar que aquelas pessoas não têm capacidade de ouvir ou de se rir sobre o problemas delas. Portanto, este formato parece bastante justo nisso”, começou por destacar.
“Não funcionaria se fosse eu a fazer stand up para uma plateia que não tivesse nada a ver com um assunto. Mas sim, o meu maior desafio, do Frederico e do Guilherme quando escrevermos stand up, era fazer com que aquelas pessoas que estavam ali, amigos, convidados, outras pessoas que sofriam da mesma condição se rissem daquilo. Eu acredito que há sempre um caminho qualquer que leva a que as pessoas se possam rir da sua condição”, explicou.
“Enquanto humorista foi um exercício muito importante de fazer. Acho que se talvez fosse há cinco, dez anos, não teria capacidade para o fazer. Mas hoje em dia, não foi só desafiante, como me acrescentou muito. Não só conhecer as pessoas e as realidades, ajuda a relativizar muito coisa, como escrever stand up sobre temas que à partida estão barrados na cabeça das pessoas. É muito libertador e para as pessoas que estão a ouvir”, salientou.
O humorista destaca ainda o “acordo de cavalheiros” existente entre convidados e produção no tratamento de temas que, à partida, são sensíveis para a sociedade. “Para essas pessoas foi muito simples, o convite era muito claro e senti também uma certa vontade e urgência de poderem, de certa forma, normalizar uma coisa, que nos padrões de uma sociedade à partida sofre muita discriminação, eles estão habituados a isso. Mas há muitas coisas que nem eu desconfiava. Os deficientes físicos terem de entrar pela porta de cargas e descargas [de um restaurante], nunca me passaria pela cabeça, mas que faz sentido, havendo um degrau e havendo uma entrada que permite entrar uma palete”, referiu.
Para Bruno Nogueira, o formato pretende tornar também muitos preconceitos visíveis. “O programa está muito bem arquitetado no sentido de que uma pessoa nas plenas capacidades motoras se ofender por interposta pessoa, está a dar razão à existência deste programa, a criar um tabu, onde essas pessoas não o criaram. O humor tem várias facetas, uma delas pode ser bastante agregadora e faz com que assuntos meio cinzentos possam ser visto por outro ângulo e que possam apaziguar isso dentro deles”, acrescentou.
Com estreia marcada para 5 de março, Tabu é um formato que promete combinar emoção e comédia e provar que o humor é para todos. Para já, estão garantidas duas temporadas do programa, conforme fez saber Daniel Oliveira.